Personalidades que ajudaram a construir a história de Macapá



As riquezas desta terra vão muito além das paisagens, monumentos históricos e da culinária. É também o lugar de grandes personalidades que ajudaram a escrever as páginas da história da capital amapaense, seja na música, na arte, ou mesmo no folclore popular.

Personagens como o Mestre Sacaca, a parteira Mãe Luzia, Alexandre Vaz Tavares, Hildemar Maia e Padre Júlio Maria Lombaerd, foram algumas das figuras imortalizadas nas fachadas de órgãos públicos, ruas, avenidas e memória do povo.

Muitas personalidades contribuíram e continuam a construir a história da cidade como o macapaense Francisco Lino, 84 anos. O sambista é compositor e intérprete de pelo menos 35 sambas-enredos, entre os mais famosos: "Fortaleza o Atalaia do Norte", letra em homenagem à fortificação considerada a sétima maravilha do país. É um dos fundadores da Associação Universidade de Samba Boêmios do Laguinho que possui 65 anos de existência e 25 títulos como campeã do carnaval amapaense.

Descendente das tradicionais famílias do bairro do Laguinho, Lino é também um incentivador do tradicional marabaixo. Neto da primeira parteira do Amapá, que deu nome à maternidade que atende, inclusive, o interior do Estado, ele fala saudoso de suas memórias.

“Começamos com o bloco Boêmios do Laguinho que depois foi chamado ‘Bandoleiros da Orgia’ e, em 2 de janeiro de 1954, nasceu a escola de samba. No carnaval, saíamos pelas ruas da cidade ao meio-dia e só voltávamos para casa às sete da noite; sinto falta!”, recorda Lino.

O sambista pioneiro atualmente ocupa o cargo de presidente de honra na agremiação. Viúvo, pai de três filhas, cinco netos e dois bisnetos, Francisco Lino se mantém incansável no amor e preservação da história do samba amapaense.

Bastante lúcido, cita acontecimentos importantes e da tranquilidade da época da criação do Território Federal do Amapá. “Lembro que foi na gestão do governador Janary Nunes, na década de 1940, que os primeiros grandes prédios foram construídos na cidade e alguns permanecem de pé até hoje, como a Escola Barão do Rio Branco, o Macapá Hotel e a maternidade que leva o nome de minha avó. Uma época boa em que dormíamos de janelas abertas sem nada a temer”, relembra.

 

Outra personalidade que com suas poesias e musicalidade tornou-se umas das maiores expressões da música tucuju e da Amazônia é o cantor e compositor amapaense Osmar Júnior. São anos dedicados à arte de retratar em suas letras os costumes e comportamentos do norte. Na década de 1980, iniciou sua trajetória como compositor, participando de festivais universitários. Mas somente em 1991 foi que lançou seu primeiro disco, intitulado “Revoada”, com os sucessos “Pedra do Rio”, “Pra Nunca Mais” e “Igarapé das Mulheres”, canção que retrata memórias da infância de Osmar. Quase oito anos depois, veio o segundo disco, “Quando Voltam os Guarás”.

Ele tornou-se um dos valorizadores da preservação ecológica e da música afro-amapaense, ao desenvolver projetos na União dos Negros do Amapá (UNA) e ajudar a fundar o “Movimento Costa Norte”, para divulgação da Música Popular Amapaense (MPA).

“Minhas letras são fruto do amor que tenho por esse povo e por essa terra. Todos os acontecimentos me inspiram a fazer música todos os dias, o que me torna um poeta. A excelência de inspiração que existe aqui não é encontrada em nenhum outro lugar”, revela o artista.

Agora, se tratando das referências na comunicação do Amapá, temos nomes como Graça Penafort e Paulo Araújo de Oliveira.

 

A jornalista e poeta Graça Penafort despontou na década de 1970 no rádio com programas culturais e para crianças. Na extinta Rádio Educadora São José, que pertencia à Diocese de Macapá, comandava o programa “Historinhas para a Gurizada” e, depois, na Rádio Equatorial, produzia e apresentava “Recreio da Tia Graça” e ainda um programa sobre música clássica. Ela, então, começou a escrever histórias infantis e sua literatura despertou interesse de jornais impressos locais. Foi aí que ela partiu para a imprensa escrita, escrevendo para o Jornal do Povo e Jornal Amapá Estado.

Dona Graça, que é irmã de Hélio Penafort, lendário jornalista amapaense, conta que começou a trabalhar com comunicação institucional como gerente de comunicação na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-AP), descrevendo as atividades do setor rural como dia de campo, treinamento dos servidores, etc, onde produziu o primeiro jornal interno sobre as atividades rurais; jornal feito manualmente. Também integrou a equipe da então Secretaria de Estado de Promoção Social, onde também criou um jornal feito à mão. “Tudo era artesanal”, lembra Graça.

 

“Paralelo a isso, assumi a assessoria de imprensa da Diocese de Macapá. Eu sempre me senti privilegiada pelas experiências que tive e ainda tenho na área da comunicação”, afirma a experiente jornalista, que é servidora da Secretaria de Comunicação do Estado do Amapá (Secom).

Graça Penafort é reconhecida pela sua contribuição com a história do Estado e já recebeu a medalha do Instituto Memorial Amapá. Nesta segunda-feira, 4, foi uma das homenageadas pela Câmara de Vereadores de Macapá com o ‘Mérito Jornalístico Dione Amaral’. A outorga é dada anualmente pela instituição aos profissionais em destaque.

Outro destaque no campo das comunicações é Paulo Araújo de Oliveira. Ele iniciou sua carreira aos 18 anos como radialista na Rádio Educadora. Anos depois, teve que sair do Estado para cursar comunicação social na Universidade Federal do Pará (UFP), dividindo o tempo entre estudos e o trabalho, com atuação nas rádios da capital paraense. Depois de uma temporada de cinco anos no Pará, Paulo voltou para Macapá onde firmou sua carreira, assumindo a assessoria de comunicação durante os governos de Anníbal Barcellos, Gilton Garcia e Jorge Nova da Costa.

Com 66 anos, Paulo é servidor público federal aposentado, casado, pai de quatro filhos e com dois netos, possui ampla experiência na assessoria de comunicação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. “Um dos fatos marcantes da minha carreira que tive a honra de acompanhar, enquanto assessor de comunicação do governador da época, Gilton Garcia, foi a inauguração do Estádio Zerão, em 1990. O então presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo, também participou da cerimônia. A cena que marcou não só a mim como a todos os presentes foi a do paraquedista pulando do avião com uma bola presa aos pés e colocando-a no centro do gramado, oficializando, assim, a inauguração do estádio”, descreve Oliveira.

Todas essas pessoas e suas histórias poderiam ser esquecidas se não houvesse um trabalho de recuperação da “Memória do Amapá”. Trabalho desenvolvido por abnegados que tem como missão o resgate dessas histórias. Esse é o papel desempenhado pelo Instituto Memorial Amapá e a Confraria Tucuju.

E neste aniversário de 261 anos da cidade de Macapá, compartilhamos algumas dessas incríveis trajetórias como forma de homenagear os filhos da terra que, com trabalho, dedicação e diferencial tornaram-se verdadeiros pilares na construção de nossa história e inspiram a nova geração a perpetuar o legado de uma vida.

Por: Nathacha Dantas /  Foto: José Baía / Secom

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