Amapá Digital | Terça-Feira, 26 de novembro de 2024.
Município de Cutias do Araguari. Criado pela Lei nº 6, de 1º de maio de 1992. Localiza-se na parte oriental do Amapá. Limita-se ao Norte com os municípios de Pracuúba e Amapá, ao sul e a leste co o município de Macapá, e a Oeste com o município de Ferreira Gomes.
A denominação de Cutias provém da existência do animal roedor de mesmo nome, pertencente à fauna local, que é apreciado pela culinária da região.
Área:A superfície do município atinge 2.214 km2.
Altitude da sede: 6 metros Coordenadas geográficas: 0 graus, 59 minutos e 4 segundos de latitude e 50 graus, 48 minutos e 10 segundos de longitude.
Acesso: Para chegar ao município: terrestre e fluvial. Para as localidades vizinhas, o município mais próximo é Itaubal. Cutias localiza-se a cerca de 120 km de Macapá. O acesso à capital se dá por via terrestre e marítima. Meios de transporte utilizados pela população: bicicleta, carro, montaria, lanchas, voadeiras e barcos. Meios de comunicação: telefone, correio e fonia.
População: Confira a população de todos os municípios clicando aqui.
População e Habitação Segundo estimativa do IBGE, divulgada em 1º de julho de 2006, a população de Cutias do Araguari é de 4.466 habitantes. Dessa população, 42% se encontra na zona urbana e 58% na zona rural. 51,4% são do sexo masculino e 48,6% do sexo feminino. A estratificação da população municipal por faixa etária indica que o município apresenta uma população bastante jovem, enquanto as faixas que agrupam as idades senis, são em menor número. A população em idade de trabalho, notadamente entre 18 a 64 anos, somam-se 60% da população, constituindo-se, desta forma, a população economicamente ativa. A média de habitantes por família é de 6 pessoas. A população se origina de comunidades circunvizinhas de Tartarugalzinho, Bailique, Ferreira Gomes e Macapá. Conforme levantamento realizado pela prefeitura em 2002, foi constatada a existência de 538 casas no município. Em geral, nas construções predominam a utilização de madeira e a cobertura de telha de amianto (fibrotex, tipo Brasilit).
Comunidades e distritos Atualmente Cutias do Araguari possui 19 localidades: Cutias (sede), Alegria do Araguari, Alta Floresta, Bom Amigo, Bom Destino, Bom Jesus do Araguari, Creio em Deus do Araguari, Deus Por Nós, Guanabara do araguari, Gurupora, Jacitara, Liberdade do Araguari, Livramento, Marachimbé, Natal do Araguari, Nova Esperança, Pracuúba do Araguari, Sagrado Coração de Jesus, Sagrado Coração de Maria, Samaúma, São Paulo do Araguari, São Raimundo e São Sebastião do Pacuí
Divisões Fisiográficas
Clima No município predomina o clima o clima tropical chuvoso, com um pequeno período seco e temperatura média anual nunca inferior a 18 graus centígrados. A pluviosidade alcança 2.800 mm de chuva anual e a umidade relativa está em torno de 80%.
Relevo: Os principais solos que ocorrem no município são: latossolo amarelo distrófico, concrecionário laterítico indiscriminado, distrófico e hidromorfico indiscriminado. Em geral são solos que suportam uma agricultura intensiva, mas exigem manejos adequados físico-químicos.
Vegetação: O revestimento florístico municipal está apresentado por uma cobertura vegetal, ao norte e leste, constituída de formações pioneiras, sobrepondo-se às demais áreas do município. Dá origem a uma vasta extensão de planície aluvial, periodicamente inundável, em cujo verde é comum a ocorrência de gramíneas, ciperáceas e melatomatáceas. Nas planícies observa-se também a presença de florestas nas partes mais drenadas, principalmente ao longo dos rios e igarapés, formando as famigeradas várzeas alas.
Já na parte sul/oeste, a predominância e da Mata da Terra Firme, com árvores que variam de baixo a medi porte, apresentando em alguns pontos madeiras nobres como acariquara, andiroba, maçaranduba, marachimbé, sucupira e um grande número de palmáceas.
Hidrografia A hidrografia de Cutias é bastante rica em rios, igarapés e campos inundáveis. O município é banhado ao norte pelo rio Araguari e seus afluentes, pela marge direita; ao sul pelos rios Gurijuba, Pacuí e seus afluentes da margem esquerda e a leste pelo furo do Araguary e Igarapé Novo.
Nas áreas de planície essa rede hidrográfica fica ampliada, principalmente no período invernoso (janeiro a julho), com a constituição dos campos naturais submersos. Essa rede hidrográfica permite o transporte de pequenas embarcações durante o ano.
Economia A agricultura municipal está voltada, principalmente, para a produção de milho e mandioca, em especial esta última cultura agrícola, que apresenta muita tradição quanto à produção de “farinha do Pacuí”. Outros produtos alimentares e as frutas tradicionais do Estado (banana, laranja) e pimenta-do-reino, podem ser vistas no município, mas não são produzidas visando demendas de mercado. Embora os produtos contem com os serviços assitenciais do Rurap e da Secretaria de Estado da Agricultura, o nível de produção assenta-se em níveis ainda muito baixos – ante aqueles exigidos pela agricultura moderna e competitiva.
A pecuária pode ser explorada de forma extensiva, aproveitando-se os campos naturais e/ou através de pastagens plantadas. Constitui-se na principal atividade econômica do município, representada pelo criatório bubalino, haja vista as condições ecológicas que se apresentam para o desenvolvimento de bubalinocultura em regimes extensivos de campos naturais ricos em água durante grande parte do ano.
A produção leiteira é, em bases estaduais, bastante considerável no município, ultrapassando a 5 mil vacas ordenhadas, o que significa uma produção muito aquém das potencialidades municipais desse valioso alimento. Sente-se a necessidade do apoio do poder público para o estabelecimento de uma “bacia leiteira” no Estado, o que poderia ampliar a produção municipal.
O extrativismo vegetal é inexpressivo do ponto de vista econômico. Existe o beneficiamento da madeira no município através de pequenas serrarias.
O extrativismo animal consiste na pesca artesanal notadamente a do pirarucu, que é bastante absorvida pela comunidade local. A caça de animais silvestres ocorre, mas longe da fiscalização do Ibama, uma vez que não existe uma legislação que fiscalize a exploração da fauna silvestre e, ao mesmo tempo, preserve os ecossistemas locais.
O extrativismo mineral está associado à exploração dos não metálicos (areia) para a produção de materiais para construção. Nesse sentido a Prefeitura vem estudando a possibilidade de ampliação da Olaria Municipal para que possa fornecer artefatos de concreto, como o bloquete, para a pavimentação das ruas do município. Nas comunidades de Gurupora e Sagrado Coração de Maria são fabricadas telhas e tijolos com a mesma fórmula: areia e cimento.
A atividade da Indústria em Cutias ainda é pouco desenvolvida e inexpressiva no município, restringindo-se a pequenas serraria,s localizadas na região ribeirinha. O município tenta viabilizar, junto ao Governo Estadual, a reativação da uma usina de industrialização de leite e derivados, que hoje encontra-se desativada, prejudicando o município que possui uma considerável produção de leite.
O Comércio consiste em pequenos estabelecimentos de vendas a varejo, em especial, de gêneros alimentícios.Esse comercio movimenta-se muito em função da renda do funcionalismo municipal, onde a Prefeitura se destaca como grande empregador, seguida pelos empregadores das atividades agropecuárias.
O setor de Serviços é pouco expressivo no município, uma vez que, na sua maioria, são desempenhados por órgãos públicos e/ou empresas públicas em geral. Principais atividades produtivas: Agrícola, pecuária e pesqueira (somente para consumo).
Os tipos de ocupação predominante no município são o Mercado Formal (órgãos públicos como a Caesa, Correios, CEA, Prefeitura, Telemar e embarcações); Mercado Informal (Camelôs, feira do produtor, restaurante e comércio de pequeno porte) e Estrutura Fundiária (Cutias compartilha problemas com os demais municípios amapaenses, ou seja, de um lado a definição da área urbana do município e, de outro lado, a falta de titulação de finitiva de propriedade da terra, o que dificulta, ou mesmo inviabiliza, o acesso ao crédito de instrumento de extrema importância para o desenvolvimento de suas atividades.
Saúde No município há dois postos médicos, cinco profissionais de saúde (um de nível superior e 4 de nível médio) para o atendimento à população. O quadro do setor de Saúde do município revela informações bastante desanimadores: Não existe médico permanente no município; A rede física (prédios) do setor, em especial os postos médicos (dois são novos), carece já de reformas e não dispõe de recursos humanos, equipamentos e medicamentos para a realização de bons serviços à população.
A Fundação Nacional de Saúde (FNS/Funasa), que absorveu as atividades da antiga Sucam, vem apresentando serviços bem precários no municipio, principalmente quanto à profilaxia (prevenção) de enfermidades como a malária e a leishmaniose.
Saneamento Em geral, as comunidades do município são servidas pelas águas, diretamente captadas dos rios, igarapés e poços amazônicos, sem nenhum tratamento prévio. A população beneficiada por água tratada sob a responsabilidade dos serviços da Caesa no município não ultrapassam a 700 pessoas, o que reflete ainda um baixo nível de atendimento.
Inexistem residências com ligações de tratamento de esgoto. O sistema de coleta de lixo ocorre uma vez por semana (somente nos órgãos públicos). O destino final do lixo é a queima. O abastecimento de água se dá através da Caesa e por poços artesianos na sede. Em algumas comunidades existem poços artesianos, e o restante consome água do rio ou de poços tipo Amazonas. 95% das residências, na região urbana, possuem energia elétrica.
Energia A energia elétrica é fornecida pela Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, que não só atende a sede do município, mas também suas principais comunidades, cuja oferta desse insumo realiza-se de forma direta e sem interrupção. As residências localizadas e distribuídas ao longo dos rios e igarapés e, em núcleos populacionais afastados, são abastecidas por geradores particulares e próprios.
Transporte O município é servido por via rodoviária e fluvial, esta última para atender as necessidades internas das populações, cujo meio se dá através dos rios e igarapés, além do rio Araguari. O município detém uma malha rodoviária significativa, formada por estradas e ramais vicinais que interligam as comunidades locais. Mas as condições de trafegabilidade dessas artérias são por demais precárias, fornando-se intransitáveis em boa parte do ano, principalmente nos períodos chuvosos.
O município liga-se à capital pela BR-156 até a altura do km 58, daí segue através da AP-60 (revestimento primário), passando pelo Rio Pedreira, ou pela Rodovia Macapá-Pacuí (AP- 70). Cutias é servido por linhas regulares de ônibus e por caminhões oficiais e particulares que transportam cargas e passageiros, no processo de interligação com os centros mais desenvolvidos do Estado, como Santana e a capital.
Comunicações A sede do município dispõe de um posto telefônico pertencente à Telemar, com atendimento diário, e 96 linhas telefônicas atualmente. Dispõe ainda de um posto da empresa de Correios e Telégrafos, e as imagens de TV são captadas através de antenas parabólicas, muito difundidas no local.
Nas comunidades de Gurupora, Livramento, São Raimundo e São Sebastião existem antenas parabólicas de propriedade da Prefeitura, permitindo à população o acompanhamento de noticiários acerca da região e do país, assim como alguns comunitários já dispõem de sua própria antena parabólica e televisão.
Educação A rede escolar do município é composta de 10 escolas estaduais, sendo 1 na zona urbana e 9 na zona rural, além de 5 municipais. Das 15 escolas existentes, todas eles ministram do pré-escolar ao 1º grau. As escolas da rede estadual de ensino estão localizadas na sede municipal e nas comunidades de Alegria do Araguari, Bom Amigo, Creio em Deus do Araguari, Gurupora, Livramento, Pracuúba do Araguari, Sagrado Coração de Maria, São Paulo São Raimundo e São Sebastião do Pacuí.
As escolas da rede municipal de ensino estão localizadas nas localidades de Liberdade do Araguari, Nova Esperança, Deus Por Nós e Alta Floresta. O número de profissionais que forma o corpo docente é ainda pouco expressivo para o atendimento da demanda das escolas existentes e dos alunos e fase de pré-escolar, 1º grau e escola profissionalizante; esta última ainda inexistente no município de Cutias.
Cultura As bibliotecas são públicos, existindo apenas uma na sede municipal. Das atividades culturais há festas juninas,
Atrações turísticas:
Festival do Pirarucu. De 26 a 27 de julho. O evento destaca condição particular do município a propósito dos estoques naturais, pesca e costumes alimentícios locais.
Pororoca. O fenômeno (ver verbete) pode ser observado no baixo curso e foz do rio Araguari. Sua origem está ligada aos processos hemodinâmicos que decorrem do encontro das águas amazônicas com o Oceano Atlântico.
Nichos de Reprodução e Aves Aquáticas. Áreas ligadas aos ambientes de várzea que representam uma amostra de riqueza e diversidade faunística do município.
Ambiente fluvial. O município dispõe de uma vasta rede hidrográfica da qual se destacam os rios Gurupora, Pacuí, Araguari e Gurijuba.
História O município de Cutias foi criado em decorrência da explosão demográfica ocorrida na sede distrital, onde se formou a consciência da necessidade da emancipação, uma vez que a população era administrada a longa distância pela prefeitura de Macapá. Cutias passou a se tornar um ponto de apoio a criadores, agricultores e extrativistas daquela região onde grande maioria construiu residências e outras instalações para o sustento de suas atividades.
Em 1º de maio de 1992, pelo decreto estadual nº 6, é criado o município de Cutias do Araguari.
04 de dezembro de 1992. É criada a 10ª Zona Eleitoral, abrangendo a parte de Macapá (sede),com o arquipélago do Bailique (42 comunidades) e os municipios de Itaubal e Cutias do Araguari.
18 de março de 1998. É inaugurado o Posto avançado de Justiça no município, dotado de uma sala para o juiz de Direito, uma para o promotor de Justiça, uma para o defensor público e um cartório de distribuição, além de copa e dependências para a Justiça Eleitoral.
Texto do historiador Edgar Rodrigues
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