10 anos de PAA no Amapá: ‘É tão bom poder botar comida na mesa para os filhos da gente!’



Mesmo sem emprego, Lucilene Silva, 48 anos, levanta quase todos dias às 5h para começar a rotina de trabalho. A primeira tarefa do dia é fazer o café da família, para três dos quatro filhos que ainda vão à escola e para o marido, que diariamente caminha em busca de quintais e terrenos para roçar e ganhar o dinheiro do jantar.

Enquanto o esposo bate de porta em porta atrás de serviço, dona Lucilene começa os preparativos para as massas dos diversos bolos de frutas que ela vende no fim de tarde em frente à sua casa, no bairro Brasil Novo, zona norte de Macapá, para ajudar na renda familiar.

Orgulhosa, ela diz que os bolos fazem bastante sucesso na comunidade. “O bolo de banana é o que mais gostam. Vende bastante. Também, pudera: modéstia à parte, é uma delícia”, gaba-se.

As frutas usadas na confecção das delícias preparadas por dona Lucilene, e que ajudam no sustento da família, são doadas por uma associação beneficente do bairro. A entidade é uma das 154 instituições amapaenses que passaram na seleção da Secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social (Sims) para serem beneficiadas pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, em parceria com o Governo do Amapá.

Na prática, os executivos federal e estadual compram as frutas, verduras e hortaliças dos produtores rurais amapaenses da agricultura familiar e encaminham os alimentos às instituições sem fins lucrativos, que apoiam pessoas em situações de vulnerabilidade social, como a família de dona Lucilene.

No Amapá, a escolha dos produtores para participar do programa é feita pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), que seleciona os agricultores de acordo com as regras do PAA. De modo similar, a Sims seleciona as entidades beneficentes.

Dona Lucilene e outras dezenas de mães de famílias que foram beneficiadas em 2018 pelo programa estiveram na cerimônia que comemorou os 10 anos de criação do PAA e o lançamento da edição de 2019. A solenidade ocorreu no Parque de Exposições da Fazendinha, em Macapá, nesta sexta-feira, 12.

No evento também houve a entrega de 23 caminhões adquiridos com recursos federais e estaduais. Os veículos, que serão usados para escoar a produção agrícola familiar dos 16 municípios do Estado e dois distritos de Macapá, foram repassados para as prefeituras.

A presidente da associação que ajuda dona Lucilene e outras 71 famílias carentes do bairro Brasil Novo, Edjan Maria, comemorou a entrega dos veículos novos e também o lançamento da edição 2019. Segundo ela, os alimentos doados em 2018 ajudaram na nutrição de aproximadamente 400 pessoas, a maioria crianças. Com a renovação do programa, a assistência às famílias está mantida.

 

“Agora tem caminhão novo para fazer a entrega dos alimentos, das frutas, das verduras, que ajudam a alimentar essas crianças e gerar uma renda com venda de comidas para essas famílias. Estamos muito felizes pela movimentação dos organizadores do programa”, agradeceu Edjan Maria.

Nos 10 anos em que funciona no Amapá, o PAA movimentou a economia do setor produtivo com aporte de, aproximadamente, R$ 15,97 milhões, sendo, deste montante, quase R$ 600 mil do Tesouro Estadual. Neste período foram 3,6 mil toneladas de 84 tipos de alimentos agrícolas doados para mais de 1,4 mil entidades, para beneficiar mais de 162 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Para 2019, o Amapá já assegurou aporte de R$ 1,5 milhão ao programa, para aquisição de alimentos de produtores rurais e doação para 154 entidades selecionadas pelo sistema assistencial do Estado. As instituições são escolas, creches, associações de bairros, entidades filantrópicas, entre outras.

Com o anúncio do recurso já garantido, dona Lucilene já pensa em aumentar as vendas. Ela quer fazer outros cursos de culinária, além do treinamento de confeitaria que já fez na associação beneficente do Brasil Novo, para praticar novas receitas, como a torta de maça e outros pratos.

“Fiquei mais confiante com essa renovação do programa porque, assim, teremos material para fazer os pratos para vender. Além disso, ajuda a botar uma comida boa na mesa da gente. É tão bom poder servir um frango bem temperadinho para os nossos filhos poderem ir bem alimentados pra escola, pra ser alguém na vida e ficar longe da bandidagem”, animou-se Lucilene.

 

Por: Elder de Abreu /  Foto: Maksuel Martins/Secom

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