Pendor de Tabita pelas artes plásticas é despertado durante pandemia 



Jovem de 20 anos agora segue caminho deixado pelo pai, o consagrado Régis Moraes 

 

Uma artista cuja verve persistia numa hibernação inquieta, mas que a pandemia provocada pelo coronavírus despertou na tranquilidade bucólica de Pirativa, à margem do rio Amazonas, distante uma hora de Macapá, em viagem de barco. 

A artista é a meiga Tabita Pires da Silva, formanda em teologia e violoncelista, amante da natureza. A jovem de 20 anos é filha do saudoso artista plástico amapaense Régis Moraes com a índia cumarumã trofoterapeuta Ana Pires que, artista também, chegou a ser premiada no Salão Nacional do Sesc com Menção Honrosa.  

Tabita, no íntimo, sabia que tinha, como o pai, pendor pelas artes plásticas, mas a consciência dizia que nunca ela se daria bem como pintora. Foi traída pela tal consciência. Lá em Pirativa, alarmada com a possibilidade de contrair a covid 19, porém incentivada pela encomenda de uma amiga, cobriu cinco telas com acrílica mostrando a pintura de três belas beija flores, uma iguana e duas araras. Da safra da menina também saiu a pintura de dois botes, um na forma de tubarão e, outro, de arara. 

Tudo foi perfeito. Agora, Tabita Pires da Silva não é mais apresentada apenas como violoncelista e futura teóloga – há que se acrescentar artista plástica. A formatura acadêmica da jovem em Teologia será em dezembro, na capital paulista. 

Tabita conta que quando ela estava no ensino infantil o pai ia buscá-la na escola e a levava para o ateliê. Ali, inalando cheiro de tintas e em meio a telas e à aparente desorganização do ambiente artístico via Régis Moraes em atividade. 

De tanto ver o pai produzindo telas, Tabita confessa que passou a tentar desenhar. Mas não se dava bem com aquilo. Certa vez, no ateliê, Régis se aproximou da filha, escolheu uma tela e prometeu que juntos fariam uma arte. Não deu tempo. Logo depois houve o desenlace do grande artista plástico que ficou com o nome catalogado nos livros de artes do estado. 

Em pleno frenesi do despertar de Tabita Pires da Silva para as artes plásticas, a pandemia ocasionou falta de tinta acrílica bem pigmentada. O produto sumiu de Macapá, escasseou em Belém, os Correios entraram em greve, e assim a onça projetada pela artista vem daqui a pouco. 

Beija flor, iguana, arara... onça. Como se vê, Tabita gosta de fazer animais em sua arte. Mas sob encomenda faz tudo.  Sim, faz tudo, porém a preferência, mesmo, são os bichos, principalmente os amazônicos. Ela explica: ”é que a companhia dos animais me faz bem. Gosto do jeitinho deles, e a Amazônia tem bichos incríveis, lindos”. 

A artista macapaense, vegetariana convicta, é uma jovem delicada, estudada não apenas na escola ou em conhecimentos livrescos, mas também na vida prática cabocla, extravasando a garra do sangue indígena da mãe Ana: a jovem nada perfeitamente, dirige rabeta, pesca e sobe em açaizeiro com desenvoltura. 

Tabita mostra com orgulho, no celular, as fotos das irmãs Dayany, 30 anos, que toca saxofone e atualmente reside na Irlanda, e Hanne, violinista e violeira radicada na Alemanha. Ela, por sua vez, mora com a mãe, a proprietária do Ana Spa, mas tem em mente passar uma temporada em Londres, para mostrar as suas habilidades.     

 

Douglas Lima

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