Monitor da Violência: após 2 anos, 80% dos casos acompanhados de mortes violentas tiveram inquéritos concluídos



Os assassinatos de Wanderson Viana Almeida, de 26 anos, e Jerry Adriani Conceição dos Santos, de 44 anos, ocorridos em Macapá, seguem sem solução e nenhum suspeito preso após 2 anos. Os casos integram as 1.195 mortes violentas acompanhados pelo G1 que aconteceram em todo o país entre 21 e 25 de agosto de 2017.

Do total, 5 delas foram no Amapá, e durante o período jornalistas de todo o país seguiram com o andamento dos casos referentes a prisões de acusados, inquéritos e condenações. Dos casos no estado, três deles estão com suspeitos presos, mas nenhum foi a julgamento.

O trabalho inédito, integra o Monitor da Violência, que marcou o início de uma parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

PÁGINA ESPECIAL: quem são as vítimas e o andamento dos casos

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METODOLOGIA: Monitor da Violência

Durante o período do levantamento em 2017 foram filtrados em todo o Amapá casos de homicídio, latrocínio, morte por intervenção policial, latrocínios e suicídios. Das 5 mortes violentas no estado, todas foram caracterizadas como homicídios e ocorreram apenas na capital Macapá.

Além de Wanderson e Jerri Adriani, foram vítimas: Elenilson Martel dos Santos, Deilam da Silva Alves e Rodrigo Gama Braga. Quatro dos cinco crimes foram cometidos com arma de fogo, com exceção da morte de Deilam, assassinado a golpes de faca.

Dos cinco inquéritos, apenas o de Wanderson, conhecido como “Satanás”, não teve qualquer andamento e dois anos depois segue sem suspeitos e sem presos. Ele foi encontrado durante a madrugada no quintal de uma casa no bairro Brasil Novo todo ensanguentado.

O inquérito sobre o homicídio de Jerri Adriani, morto no bar onde era proprietário, no bairro Nova Esperança, foi encerrado em 2019 com pendências.

O caso foi arquivado porque dos dois assassinos, um morreu em troca de tiros com o Bope dias depois e o outro nunca foi reconhecido ou apontado pelas testemunhas.

 

Após dois anos no Amapá

  • Apenas um caso não teve qualquer suspeito identificado
  • Três acusados (todos homens) estão presos aguardando julgamento
  • Um dos acusados é policial militar
  • Dois adolescentes foram investigados por participação (um deles morreu)
  • Todas as vítimas eram da cor parda

 

 

Quais foram os casos sem suspeitos?

Jerry Adriane dos Santos, de 44 anos

Baleado na noite de 23 de agosto de 2017 no bar que era proprietário na Zona Sul de Macapá, Jerry morreu no local. Segundo a Delegacia de Homicídios, que investigou o caso, dois suspeitos desceram de um veículo e atiraram contra a vítima.

Um dos suspeitos do crime, conhecido como "Cabeção", morreu no dia 31 de agosto de 2017 após trocar tiros com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), também em Macapá.

O outro ocupante do carro que efetuou os disparos não foi identificado por nenhuma testemunha. O delegado George Salvador, que arquivou o inquérito, contou que nenhuma pessoa foi apontada como o segundo autor do crime, provocando o encerramento da investigação.

 

Wanderson Viana Almeida, de 25 anos

"Satanás", como era conhecido, foi assassinado na madrugada de 26 de agosto na Zona Norte de Macapá. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e até o momento nenhum suspeito ou investigado pelo crime foi encontrado.

A motivação também não foi descoberta, mas segundo a polícia, Wanderson era suspeito de delitos na região. Ele foi encontrado às 0h29 no quintal de uma casa na Rua Laranjeira todo ensanguentado e pedindo ajuda. Ele chegou a ser atendido, mas morreu no local.

 

Uma semana de crimes

Os novos dados mostram que:

  • quase metade dos casos continua com a investigação em andamento na polícia (48% do total, ou 569). A outra metade (595) foi concluída ou arquivada, mas 105 sem solução — ou seja, sem a autoria do crime
  • considerando todos os 1.195 casos, a polícia ainda não identificou os autores de 501 deles (42%). O número de inquéritos com autores identificados aumentou desde o último balanço, há um ano, mas pouco — passou de 469 para 492, ou seja, somente 23 novos casos
  • apenas 22% dos casos (259) tiveram um ou mais suspeitos presos. Desde que os crimes aconteceram, 431 pessoas foram detidas, mas 129 delas já foram soltas
  • somente 292 casos (24%) têm autores processados na Justiça. Destes casos, apenas 68 foram a julgamento, e 57 resultaram na condenação de ao menos um réu
  • das 1.195 mortes, 99 foram classificadas como suicídio pela polícia. No balanço de um ano, eram 104, o que significa que a polícia reviu alguns casos e os reclassificou como homicídio

 

Fonte: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2019/09/23/monitor-da-violencia-apos-2-anos-80percent-dos-casos-acompanhados-tiveram-inqueritos-concluidos.ghtml

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