Amapá Digital | Domingo, 15 de dezembro de 2024.
Como Micro Empresário Individual (MEI), o cartunista pretende ajudar colegas artistas que estão no vermelho devido à pandemia do Covid-19. Além de empreender, ele também pensa no lado social.
O mercado da arte teve seus altos e baixos desde o início da pandemia, em 2019. Artistas de diversos ramos tiveram que parar para avaliar como poderiam enfrentar esta nova realidade mundial. Um novo jeito de viver, de vender, de empreender teria que nascer em meio a toda esta “confusão pandêmica”, sinônimo de tragédia.
Pensando assim que Honorato decidiu tornar-se um micro empresário. “Estou buscando informações para iniciar meus trabalhos como empresário. Como MEI, poderei vender meus serviços para todo Brasil”, planeja.
Honorato deseja montar um estúdio de artes em um terreno que recebeu de herança junto com seus irmãos. A ideia é aumentar sua produtividade e ajudar sua família e colegas de profissão.
O artista busca unir diversos segmentos da arte como: desenho, pintura, artesanato, grafite, escultura e outros. “Vou convidar os colegas para participarem e oferecerem seus trabalhos no espaço. Precisamos de apoio para levar a ideia à frente”, complementa.
O mercado nacional
Segundo estudo realizado pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e a Associação Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil), o mercado da arte rendeu resultados positivos em quantidade de negócios e vendas, mesmo com a adversidade.
Neste período de pandemia galerias de porte pequeno e médio tiveram melhor desempenho. As mudanças fizeram com que empresas do setor investissem, principalmente, nos formatos digitais. Com todos em casa, lives, redes sociais, feiras virtuais, eventos online foram e são as opções mais atrativas para alcançar o público em massa.
De acordo com dados da ABACT, 83% do mercado de arte nacional aderiu a estes formatos digitais. Plataformas virtuais estão cada vez mais sendo utilizadas.
Filantropia
O empreendedorismo de Honorato não parou por aí. Ele acredita que, com tudo funcionando no estúdio, o espaço pode ser transformado em uma instituição filantrópica.
A ideia inicial é ensinar as artes a jovens e adolescentes de área de risco de Macapá. “Quero dar minha contribuição para a sociedade ajudando esses jovens e ensinando uma profissão”, diz.
Turmas e aulas serão organizadas nas diversas modalidades artísticas e oferecidas aos participantes.
O artista
Manuel Honorato da Luz Barbosa Júnior, 53 anos, nascido na Ilha Rasa, interior do estado do Pará, próximo ao município de Afuá é filho de Maria Durvalina e Manuel Honorato da Luz Barbosa, que é filho do Arquipélago do Bailique, distrito do estado do Amapá. É formado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amapá (Unifap), em 2014. Ele pratica o dom das artes plásticas desde os seus seis anos de idade sem ter frequentado escola de arte.
Cartunista, também pinta acrílico sobre tela e aquarela. Atualmente, faz pesquisas sobre a construção da Fortaleza de São José de Macapá. Com as informações, vai desenhar quadrinhos contando a história. “Índios, escravos, paisagens, etapas da construção serão ilustrados nos quadrinhos para ficar registrado”.
História de Honorato Júnior
Manuel Honorato, pai, conheceu Durvalina, na Ilha Rasa, e a trouxe para Macapá junto com Júnior, nosso artista. Aos seus 6 anos de idade, Honorato Jr estudava no ensino regular e, nas horas vagas, vendia chopp de frutas com um irmão no Centro de Macapá, capital do Amapá, próximo à antiga livraria Martins. Era lá que ele via diversas revistas em quadrinhos e por ali ficava por longas horas. Foi quando conheceu o personagem Conan através de uma revista doada por um amigo.
“Eu ficava encantado com todos aqueles quadrinhos na livraria, uma grande variedade e, sentia que poderia fazer igual. Comecei a copiar as imagens da revista do Conan. Prédios, homens, mulheres, animais e tudo mais que continha na revista eu duplicava em uma página de papel”, contou.
Honorato diz que não frequentou escolas de artes e que nasceu com o dom de desenhar e criar cenários em quadrinhos. Muito do que sabe, segundo conta, aprendeu copiando os quadrinhos do Conan e da livraria.
Como freelancer desenhou e ilustrou diversos livros de escritores amapaenses como César Bernardo, professor Marcos Chagas e Joseli Dias. Para empresas trabalhou nos títulos “Os Guardiões da Natureza”, “Pescando Saúde”, “Turminha Verde”, cartilhas “Manejo do Açaí”, “Manejo da Castanha do Pará” e vários outros.
Também realiza caricaturas ao vivo em eventos. Já pintou em eventos de empreendimentos e instituições amapaenses como Betral, Eletronorte e Sebrae. “Meu trabalho mais recente foi no shopping Amapá Garden, no Dia Internacional da Mulher, em 2020. Também faço aniversários, eventos e festas em geral”, diz.
Ele utiliza diversos programas de computador para reliazar as ilustrações.
O início de tudo
Os trabalhos do artista iniciaram no ano de 1996. Pintor em uma malharia de sucesso de Macapá, desenhava camisas personalizadas, camisas de time de futebol, uniformes escolares, mensagens turísticas, entre outras.
Como bom ouvinte do programa “Os Cabuçus”, apresentado pelos humoristas Lurdico e Vardico, Pádua e Nilson Borges, na época, ouvia as piadas e imaginava os cenários em sua mente. “Gostava de escutar o programa aos sábados. E através das piadas e situações contadas, desenhava quadrinhos dos personagens Os Cabuçus e colava na parede da gráfica”, lembra.
Certo dia, os humoristas foram até a malharia em que Honorato trabalhava à procura de um desenhista para ilustrar o projeto da revista em quadrinhos da dupla. Então, o proprietário pediu que o chamassem. “Fiquei até preocupado ao saber que tinha que falar com o dono. Foi quando descobri que era para conhecer os humoristas que eu costumava desenhar”, explicou.
Na conversa, Honorato foi convidado a ir à emissora de rádio onde Pádua e Nilson apresentavam o referido programa, levando tirinhas com piadas curtas da dupla. No dia seguinte, já na emissora com as tirinhas, conheceu o jornalista Luiz Melo, então sócio-proprietário do veículo. Melo, sabendo que o cartunista trabalhava com charges e caricaturas pediu que fosse até ao jornal Diário do Amapá, também de sua propriedade.
Na visita ao jornal, Honorato descobriu que havia um contrato de trabalho para ele assinar. “A partir desse momento iniciei o trabalho com as tirinhas dos personagens que veicularam no impresso”, explica.
Nessa mesma época começou os desenhos da revista “Os Cabuçus” com traços inspirados na Turma da Mônica. E, então, sua carreira decolou e se iniciou a maratona de ilustrações para diversas empresas particulares e públicas.
Os trabalhos do cartunista podem ser vistos na fan page do Facebook Honorato Júnior e no Instagram: @honoratojr25. Fone de contato: +55 (96) 99132-8211.
“Agora é hora de transformar, inovar e empreender”, diz Honorato Junior.
Por Marcio Bezerra
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