O ÚLTIMO TANGO EM CUIABÁ
Estudante de engenharia civil, o rapagote no vigor de seus 17 anos conseguiu estágio na maior construtora do Mato Grosso em busca da realização do sonho de ser engenheiro e assim construir prédios, rodovias e moradia digna para sua mãezinha, favelada na escaldante Cuiabá. O gênio mirim despertava curiosidade pela beleza, inteligência e fluência nos cálculos e desenhos.
Miriân, engenheira sócia-diretora da construtora, desconcertava o estagiário porque era de uma beleza desconcertante (óbvio, né? Se desconcertava era porque era desconcertante! Kkkk). Quando jovem, a chefa foi modelo fotográfico e de passarela em Milão.
E o perfume dela, o mesmo Chanel n. 5 que a Marilyn Monroe “vestia” duas gotas para dormir, o fazia levitar e sentir vontade de sair correndo atrás daquele rastro de cheiro.
Em casa o garoto descascava o sabiá no banheiro só de lembrar o perfume, a boca carnuda, os cabelos negros longos bem tratados e a roupas de grife provocantes da patroa gostosona.
Ela cruzava as pernas com a saia apertada um palmo acima dos joelhos e mostrava os fundilhos de misteriosa penumbra como noite sem luar. Ai, o guri endoidava e comia com os olhos o “derriére” voluptuoso em busca das marcas da calcinha, mas não havia sinal algum.
O menino, tímido e cabaço, continha seus desejos porque Miriân era bem mais velha e casada com um brutamontes milionário, filho do governador, que a beijava na sua frente, deixando-o estagiário desesperado de ciúmes e inveja.
Quando a via, o sangue do pivete fervia, o coração disparava e as ereções eram incontroláveis. Ainda bem que ele tinha o pau pequeno e por isso não dava bandeira, pois toda vez que Miriân desfilava provocante na sua frente o mastro batia continência.
Miriân trazia o pastel preferido do estagiário, que às vezes era a sua única refeição do dia. E era carinhosa e meiga com o fedelho, cobrindo-lhe com presentinhos e presentões, como uma carésima calculadora Texas Instruments, o sonho de todo estudante de engenharia na época.
O estagiário dormia com a Texas debaixo do seu travesseiro porque veio com o cheiro do perfume de Miriân. Uma noite ele teve um sonho erótico e quando acordou estava lambendo a máquina e a cueca estava toda lambuzada.
Ele rebobinou a fita para identificar a musa que lhe desvirginou no sonho, mas só aparecia um corpo de cabelos negros longos sob uma luz vermelha opaca numa alcova macia de seda.
Sexo era surreal para ele porque desconhecia os prazeres da carne.
Na manhã seguinte Miriân passou por ele na construtora e ao observar o balançar das suas ancas carnudas que no sonho ele mordia, teve absoluta certeza de que perdeu a virgindade no sonho com ela. Tremeu-se todo e sentiu um calafrio no espinhaço e premonição de um dia possuí-la.
Numa sexta-feira, Miriân repousou suave a mão por trás do ombro do estagiário, fazendo as narinas do ingênuo cachopo aspirarem seu Chanel n. 5 como provocante e fatal incenso. Ela sussurrou pertinho da orelha dele, ruborizando-o com o hálito quente cheirando framboesa, lhe arrepiando todos os cabelinhos dos braços aos colhões.
Miriân o convidou para ir no sábado à casa dela ajudá-la concluir projeto urgente de cliente.
O estagiário nunca havia entrado numa casa tão linda e decorada com móveis clássicos como aquela. Estranhou porque o bangalô estava deserto e a mesa armada com o café da manhã. Nossa, tinha uns pasteizinhos e uns doces de frutas do cerrado.
-Experimenta isso - colocando uma queijadinha cuiabana na sua boca e apoiando a mão na coxa do rapaz. Sutilmente (e de propósito), aquela obra-prima em forma de mulher roçou com o dorso da mão o pênis do piá.
O pirralho fez todos os exercícios mentais imagináveis para conter a ereção, mas não teve remédio. Seu falo apertado gemia junto com os colhões.
Seu pau nunca tinha ficado tão duro daquele jeito – parecia pica de noivo em lua de mel (rss). Até cresceu um pouco, pois era uma mixaria de dar dó. Ou não? Afinal, todo homem acha que tem o pau pequeno. E às vezes tem mesmo! Mas não se preocupe com isso: elas tiram por menos dizendo que é tamanho M prá você não encucar! Kkk.
Em seguida, a arfante Miriân abriu os botões da camisa dele e fez uma viagem com a língua deliciosamente áspera pelo seu pescoço, mamilos e umbigo. Quanto mais ela descia mais ele subia no costado do sofá. Era uma sensação maravilhosa, mas quando ela cruzou a linha do equador, foi algo indescritível.
Seu corpo vibrava todo suando em bicas e aqueles lábios que ele sonhara beijar lhe devorava por inteiro em “slow motion”.
A língua trêmula e preguiçosa em sinfonia com a boca gulosa e sedenta não deixou escapar nenhuma gotinha. Foi a cereja do bolo e ele quase desmaiou, ficando ali largado, desfalecido, sem forças, como Sansão quando Dalila lhe cortou as madeixas.
Miriân repousou a cabeça no colo dele, sem tirar a boca de onde estava e ambos adormeceram por alguns minutos. Quando acordou ele pensou que era um sonho, mas Miriân estava ali em carne (e bota carne nisso) e osso novamente lhe matando aos poucos com os lábios do pecado.
Então Miriân ficou de pé e puxou o mancebo pelos cabelos contra seu ventre e ele não sabia o que fazer. Por isso ela apertou ainda mais e ele sentiu aquele cheiro forte de fêmea quando está no cio.
Miriân desabotoou a blusa e os seios fartos pularam pra fora. E ele não sabia o que fazer. Ela pegou suas mãos e o fez acariciar os mamilos apontados para o lustre e depois quase o sufocou enquanto ele sugava sofregamente as duas joias rosadas macias.
Ele adorou aquele aroma inebriante e enfiou o rosto novamente no triângulo das bermudas e escalou com os dentes e os dedos o volumoso monte de Vênus de Miriân.
Mas ele não sabia mais o que fazer.
Daí Miriân abriu o zíper da saia e o estagiário confirmou a hipótese: ela não usava calcinha. O púbis coberto por uma relva negra macia, sedosa e brilhante estava melado pelo bálsamo feminino daquele raro exemplar da espécie humana.
Quase sem fôlego, enquanto ele esfregava insanamente o rosto naquele paraíso, Miriân abriu de vago as pernas e um pequeno talho cor-de-rosa desabrochou para o estagiário. E ele não sabia o que fazer.
Por impulso natural de macho introduziu a língua e sugou carinhosamente o vestíbulo naviforme, enquanto o dedo ia e voltava molhado com uma babinha viscosa saborosa que ele lambia e engraxava de novo. Hummm, que delícia!
-Isso, meu tesãozinho, sou toda sua!
Inexperiente na arte do amor, ele explorou aquele mundo desconhecido e encontrou um botão de rosa no caminho. Se o poeta Drummond de Andrade repetia em seus versos que tinha uma pedra no meio do caminho (no meio do caminho tinha uma pedra), o estagiário plagiava: tinha um botão no meio do caminho (no meio do caminho tinha um botão).
O debutante mordiscou o botãozinho intumescido até que Miriân estremeceu toda e desabou sobre ele no sofá, caindo com os lábios encaixados nos lábios dele. Enquanto isso a língua dela buscava na boca do rapaz o afeto que ela nunca teve.
A ciência explica que esse intercâmbio de saliva faz que o homem passe testosterona para a mulher e aja como uma espécie de afrodisíaco que ativa a receptividade sexual da mulher. Mas o tesão dela pelo estagiário era retroativo. Vencidos pelo cansaço da batalha adormeceram novamente com os braços entrelaçados no pescoço um do outro e os lábios colados como velcro.
Só então ele lembrou que Miriân era casada!
-E o seu marido e seus filhos? – perguntou.
-Não se preocupe amor da minha vida! Meu marido e meus filhos foram pescar de chalana no Pantanal. Só voltam semana que vem.
Ufa! Era muita adrenalina para um virgem. Mas o game mal começara. Miriân o arrastou para o quarto já com o pinto duro de novo e o empurrou na cama. Montou sobre ele com o norte virado para o sul e o rebento pode sentir o incrível prazer daquela carícia recíproca e simultânea. Em seguida ela aprumou a proa e o cavalgou como uma Amazona selvagem incandescente.
Naquele vai-e-vem cadenciado, o estagiário ficou extasiado com o calor das chamas que vinham das entranhas de Miriân. Nunca imaginou que seria tão apertada, pois no seu complexo de inferioridade masculino o cetro não estaria à altura daquele monumento em forma de mulher. Ele acreditava que as fêmeas preferiam um falo bem dotado porque assim a cópula se tornava mais agradável.
Mas estava enganado: ela gozou de novo como uma cadela louca no cio, levando as mãos à boca para sufocar os gritos. E disse a ele assumindo o papel de dominadora:
-Não goza ainda! Só quando eu mandar! E avisa, caralho!
Quando ele avisou, Miriân apeou da montaria e cobriu-lhe o corpo com beijinhos estalados e foi descendo vagarosamente até encontrar o pequeno mastro rosado, que mais tarde ela apelidou de “Pantera Cor-de-Rosa”. Desceu mais um pouquinho e provocou uma dor incrivelmente deliciosa alternando os bagos, ora sugando, ora mordendo, ora esticando e soltando da boca. Ousada, ela não parou por aí: fê-lo conhecer as delícias da Grécia:
-Aaaaaaiiiii, uiiiiiiiiii, shhhhhhhuuuuuuuuhiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuu.
Então ele explodiu como vulcão e ela bebeu toda a lava do pequeno Vesúvio em erupção que esguichava para todo lado. Por cento não queria manchar o lençol de linho egípcio 400 fios que o marido trouxe de presente da Índia. E nunca havia estreado.
Depois a fogosa Miriân deu-lhe um banho de sais na banheira de metais banhados em ouro. Depois levou-o para lanchar na cozinha. Saciada a fome, passou manteiga “Viação” no bastão do rapaz e de quatro apoiada na mesa, enquanto lubrificava o anel rosado, implorou:
-Quero ser sua por inteira, vem por trás.
O estagiário não imaginava a delícia daquela viagem por um túnel ainda mais estreito, com aquela visão magnífica que se tem da retaguarda de uma fêmea de quatro e o volume daquela bunda volumosa e arrebitada, na qual deixou suas impressões palmares, fazendo dela sua calçada da fama.
Não por acaso, Miriân pôs a tocar no som modular Technics estéreo de alta fidelidade (coisa de rico esnobe na época) a música Lança Perfume da Rita Lee, “hit parade” no início da década de 80:
“...me pega de quatro no ato, me enche de amor, de amor... lança, lança perfume...”.
Olha, sinceridade, o pênis do Roberto Carvalho deveria ser colocado num pedestal para estudo humano por ter inspirado sua mulher Rita Lee a compor essa música (kkk), que aludia a um alucinógeno, mas no caso do estagiário seu ópio era o Chanel n. 5.
Então, ele a sodomizou impiedosamente: o clímax veio tão violento que deu câimbras até na sua próstata e não parava de gozar.
Em sincronia ela urrava de tanto prazer no seu primeiro gozo pela retaguarda. Com o marido se sentia estuprada e ao invés de prazer sentia dores lancinantes porque era rombuda, aliada à falta de talento dele para a coisa.
Após esse encontro tórrido, seguiram-se meses de piscadelas provocantes no ambiente de trabalho. No final do ano o estagiário foi à festa de confraternização na mansão de Miriân e ela sussurrou por trás espetando as costas do dileto com os dois faróis acesos, como se fosse o capeta espetando um pecador no inferno:
-Olha, vou apresentar minha irmãzinha, mas é só pra conversar e disfarçar porque o meu marido anda desconfiado contigo. Não vai pegar ela, viu? Senão eu te mato!
Apresentou-lhe Lucinha, da mesma idade dele. Os olhos pareciam duas jabuticabas e as maçãs do rosto lembravam maçãs mesmo.
Se Miriân tinha uma popa linda, a de Lucinha parecia uma escultura de Michelangelo nos momentos de maior inspiração quando ele pintou os afrescos da Capela Cistina. A maninha era uma bonequinha que andava e falava.
Entretanto, o estagiário prevaricou. Acabou ficando com Lucinha. Namoraram um bom tempo para desgosto de Miriân, mas ela se resignou porque o seu amor era tão grande e infinito que isso era apenas um pequeno detalhe, irrelevante para quem ama de verdade.
-Com minha irmã pode, vou deixar. Mas não vá me trair com outras. – disse-lhe.
Mas a bonequinha foi uma decepção na cama. Era virgem e não dominava os segredos do amor. Só quem já pegou uma virgem sabe a merda que é uma primeira vez.
Além disso, “olhos de jabuticaba” era cheia de “não me toque não me rele”, tinha nojinho de tudo. Na cama era só “papai-mamãe”, muito convencional para quem estreara com uma potra vendaval arrasa-quarteirão.
Por ironia e vicissitudes da vida, o estagiário abandonou o curso de engenharia e se mudou para outro rincão do Brasil em busca de melhores oportunidades. Por óbvio, contra a vontade de Miriân que se dispôs a patrocinar tudo, tipo “casa-comida-roupa lavada-carro-mimos” e ... muito sexo.
Mas o estagiário receava o estigma social que sói ocorrer das relações díspares nos âmbitos cronológico ou financeiro. Não queria ser taxado de gigolô e tinha medo da situação fugir de controle, pois no Mato Grosso mulher casada cheira a chumbo, embora seja comum filho de governador ter a sina de corno (rss).
Mesmo com o coração sangrando de amor por Miriân, partiu para ser gauche na vida.
Procurou o amor em outros braços no seu rumo errante, mas as mulheres novas da sua idade nunca deram certo. Era só frustração em cima de frustação em razão do paradigma da sua Deusa, que lhe dava amor infinito e os prazeres profanos que nenhuma outra deu igual, sem patrulhamento e cobranças, senão o calor de seus beijos e os fodásticos orgasmos.
Miriân até hoje frequenta seus sonhos, pois era a outra metade da sua laranja, a tampa da sua chaleira, sua cara-metade.
Nenhuma garota prestou para ele nos seus romances posteriores. Ao saciar sua fome de sexo com outras mulheres, se esforçava para não trocar o nome e gritar por Miriân. O rapaz só sentia prazer quando a projetava nelas, pois essas outras mulheres não lhe diziam muita coisa.
Virou uma fixação a imagem daquela mulher maravilhosa que ele amou perdidamente, uma puta na cama, mas uma dama na sociedade com toda a classe, finesse e garbo. E dinheiro, se é que isso conta!
Foi sua paixão transcendental que nem o tempo apagou,
Mas e as regras sociais? E os preconceitos? Ora, que se danem? Vão às favas! O que importa é o amor e felicidade, porque ninguém vive a vida por nós e a sociedade que cobra é a mesma que quebra suas próprias regras na calada da noite.
Pois que atire a primeira pedra, Iaiá!
Algumas décadas depois, o estagiário, agora renomado doutor, recebeu um convite de amizade de alguém no Facebook: era uma stalker de nome Miriân Apaixonada com centenas de coraçõezinhos nas fotos de seus álbuns. Na casa dos 70 anos, Miriân envelheceu com dignidade e ainda está incrivelmente linda, radiante, viúva...
E ele, casado, traz a reboque seu matrimônio tal qual assombração arrasta corrente num castelo de horrores para espiar seus arrependimentos.
Será que o amor vai ter uma nova chance, como Carolina (Yara Cortes) e João (Paulo Gracindo) na novela O Casarão?
A ficção às vezes se funde com a realidade!
Façam suas apostas...
-----
Fotos: Acervo pessoal