DADOS CONCEITUAIS: ATRIBUTOS
Os atributos são as partes das definições que têm a missão de diferenciar um conceito de outros. É por essa razão que se diz que os atributos são tudo aquilo que são próprios de alguma coisa, cumprindo, portanto, um papel diferenciador. Essa diferenciação, aliás, é o que permitiu que Leibniz e Newton, cada um à sua maneira, criassem essa modalidade de cálculo. Os cálculos diferenciais, por exemplo, marcam quantitativamente aspectos muitas vezes sutis dos fenômenos do mundo, sutilezas essas que podem ser de ordens qualitativas. É o caso, por exemplo, das motivações medidas em um continuum, onde um extremo é a absoluta falta de motivação e, na outra, a absoluta presença. O mesmo acontece com os conceitos expressos de forma textual. O conceito homem se diferencia do conceito mulher em um atributo, o sexo. Mas o conceito “homem brasileiro” exige como diferenciação um atributo extra, de ordem geográfica. E quanto mais especificidade tiver o conceito, mais atributos diferenciadores são necessários, como é o caso de “mulher brasileira trabalhadora rural que produz juta no interior do Amazonas”. Neste caso, o conceito original é mulher que, matematicamente, representa o conceito integral. Daí advém a ideia de cálculo integral e diferencial. É por isso também que se diz que não se faz ciência sem matemática.
Esse esquema lógico é fundamental para que se compreendam o esquema lógica e a dinâmica da organização dos dados conceituais no tocante aos atributos. Primeiro é descoberto o termo de equivalência que sintetiza o estado da arte da literatura. Em seguida deve-se procurar saber quais são os atributos fundamentais que diferenciam o conceito que estamos pesquisando de todos os demais. Neste intuito, o procedimento inicia com a identificação de todos os atributos contidos em cada definição. Para isso, cria-se uma tabela com o lado direito indicando a fonte bibliográfica e, no lado direito, os atributos. Recomenda-se repetir a fonte bibliográfica tantas vezes na coluna da esquerda quantos forem os atributos que ela apresenta, na coluna da direita. Pode acontecer de uma definição apresentar apenas um atributo, como é o caso do conceito “homem”, que tem apenas sexo como atributo; mas pode acontecer de ser utilizada uma variedade deles, como é o caso do conceito “administração” que apresenta planejamento, organização, direção, controle, recursos e objetivos como atributos. Assim, na tabela, o nome do autor e ano da obra que apresentou essa definição seriam repetidos seis vezes. O mesmo procedimento deve ser repetido para todas as definições de cada autor.
O segundo passo é fazer um levantamento quantitativo das repetições de cada atributo. Pode-se utilizar o recurso de classificar as palavras que os processadores de textos possuem. O resultado vai mostrar, em primeira mão, quais são os atributos que mais aparecem para caracterizar o fenômeno sob investigação. Assim, a tabela original é alterada, tendo como base o atributo que se repete. Para isso, recortam-se todos os nomes e anos dos autores que citaram aquele atributo e colam-se um ao lado do outro no lado esquerdo da linha do atributo que se repetiu. Se forem, por exemplo, três repetições, a célula dos autores ficaria assim: “Autor A (ano); Autor B (ano); Autor C (ano)”. E no lado direito dessa célula o nome do atributo. As demais repetições desse mesmo atributo são deletadas, ficando pronto o registro. O mesmo procedimento deve ser feito para todos os atributos repetidos. Isso vale para atributos anotados no singular ou no plural, contando-se sempre como o mesmo fenômeno, como em “atividade” e “atividades”.
O passo seguinte é o agrupamento semântico dos atributos. A finalidade aqui é que sejam conhecida a ideia que os atributos manifestam de formas diferentes. Por exemplo, de forem identificadas três ocorrências de “comunicações”, cinco ocorrências de “liderança” e oito ocorrências de “motivação”, essas 16 ocorrências podem ser agrupadas e nominadas como “Direção”. A lógica que justifica esse agrupamento vem da teoria, que diz que o processo de direção é composto por comunicação, liderança e motivação. Dessa forma, os três atributos encontrados são diferentes formas de descrever um fenômeno maior. Esse trabalho, portanto, é decorrente da aplicação de duas técnicas simultaneamente: a análise linguística, centrada na semântica, e da teoria dos processos gerenciais. É importante que isso seja esclarecido porque os conjuntos teóricos não podem ser conflitantes. O conflito é sempre falta de percepção do cientista acerca de alguma lógica que une os termos supostamente conflitantes.
Geralmente esse estágio é suficiente para que sejam identificados os grupos semânticos que caracterizam o fenômeno sob investigação. Por exemplo, conceitos com estoque de conhecimento sólido apresentam poucas variantes de atributos, o que permite identificar um quantitativo baixo de agrupamentos, dez ou menos. Mas pode acontecer de permanecerem muitos agrupamentos, na casa das dezenas, o que demarca fenômenos sobre os quais os conhecimentos ainda não são sólidos. É necessário fazer agrupamentos de agrupamentos semânticos até que se tenha um número razoável que permita a identificação daqueles mais proeminentes, que são os que realmente mais são percebidos e retratados pela literatura. Só então é realizada a última etapa, que é a escolha dos mais representativos; vale dizer, os mais referenciados.
Quando se diz que mesa é um objeto de madeira que serve para serem realizadas refeições e para se trabalhar durante o período do dia, está-se fazendo uma espécie de equação matemática. Tem-se de um lado (fx) o conceito e do outro lado da igualdade o termo de equivalência (objeto) e seus atributos (madeira, refeições, trabalho e tempo). Se for retirado dessa equação uma variável, o conceito já não é mais o mesmo. Por isso é preciso muita atenção tanto para se formular quanto para se compreender as definições conceituais, especialmente os seus atributos.