1 e 2) Salete Marques Giovanella, 61 - Lucas George Wendt

Aos 61 anos, gaúcha inicia graduação em Medicina: “Quero me formar uma médica mais humana. Este é o meu projeto de vida”

Natural de Progresso/RS, Salete Giovanella morou em Porto Alegre nas últimas quatro décadas. Agora retorna à região onde nasceu para cursar Medicina


Salete Marques Giovanella, 61, natural de Progresso, município no interior do Rio Grande do Sul, é a mais nova caloura do curso de Medicina da Universidade do Vale do Taquari - Univates, de Lajeado, onde começa a tornar realidade, atualmente, um antigo sonho de ser médica. Depois de passar 40 anos em Porto Alegre, capital do Estado, Salete decidiu voltar para o Vale do Taquari - onde estão Lajeado e Progresso - para cursar Medicina na Universidade local. 

O sonho de se tornar médica veio da infância, quando ela brincava com seus irmãos e primos de ser médicos e cuidar dos "pacientes". Salete fez a sétima série em Lajeado antes de se mudar para Porto Alegre, onde continuou seus estudos e se formou em Biologia em uma Instituição da capital. 

Depois de se casar e ter filhos, seus planos de estudar Medicina foram substituídos pela necessidade de cuidar das crianças. Agora que seus filhos já se formaram, ela decidiu resgatar seu antigo sonho. Com o apoio da família, ela comprou um cursinho online e decidiu voltar a estudar, tendo feito o Enem em 2020, 2021 e 2022.

Ela foi aprovada na Univates recentemente e seu sonho começa a se tornar realidade. Embora mantenha seu emprego em um abrigo para crianças em Porto Alegre, ela planeja se aposentar até o final do ano. Depois de se formar, Salete quer atuar como médica de família em postos de saúde do interior, ajudando as pessoas que não podem pagar por seus serviços. A filha e o filho de Salete a apoiam muito - a filha chegou a acompanhá-la na primeira semana de aula na Universidade.

O curso de Medicina da Univates, avaliado como melhor do interior do RS pelo Ministério da Educação, tem duração de 6 a 9 anos e carga horária de 9.140h. “Durante o curso, eu pretendo adquirir o máximo de conhecimento, especialmente o científico, mas também aprender o social: o paciente precisa ser tratado em relação a sua doença, mas nós, médicos, precisamos saber ouvir e entender o contexto desse paciente”, destaca a estudante, que revela querer aprender o lado humano e social da profissão. 

Salete também enfatiza: “Quero deixar uma mensagem para as pessoas, em geral, que sonham com coisas que parecem difíceis: nunca desistam”. Especialmente aos mais velhos, ela aconselha: “A sociedade está mudando. Nós, pessoas mais velhas, estamos recebendo mais atenção e possibilidades. As pessoas com frequência me procuram e dizem que conhecem pessoas que são mais velhas e que têm vontade de estudar, e eu reforço que é possível. Eu tenho medo, claro, mas eu vou me esforçar para conseguir. É possível, a vida é curta, mas nunca é tarde para correr atrás dos sonhos”.

Antes de começar a estudar, seu maior medo era não ser bem recebida pelos colegas mais jovens, mas sua relação com a juventude tem sido positiva e ela aprende sobre novas tecnologias com os colegas. Para ela, Medicina é um curso extenso, denso e com muito conteúdo. “Meu maior desafio acho que será vencer a tecnologia. Para isso, estou contando com auxílio para me organizar nas rotinas de estudo”. 

Em relação à Univates, a estudante lembra de quando o Ensino Superior na região do Vale do Taquari era uma perspectiva incipiente. “Eu olho para a Univates com muito carinho. Quando morava em Progresso, já era a nossa referência. Eu sonhei em estudar na Univates. Lembro que pensava: ‘Um dia a Univates vai ter o curso de Medicina’”. 

Décadas mais tarde ela está em uma Instituição muito diferente daquela da dos anos 1980. “A Univates me surpreendeu muito. O campus é lindo, os materiais de aula são muito bons e eu fui bem recebida por todos. Me sinto feliz e pronta para enfrentar os desafios. Vencido o Vestibular e o Enem, consegui chegar aqui e já estou realizada. Quero me formar uma médica mais humana. Este é o meu projeto de vida”.

Por Lucas George Wendt 




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