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Cientista de dados cria modelo como guia para internautas “bombarem” vídeos no YouTube

Cientista de dados cria modelo como guia para internautas “bombarem” vídeos no YouTube

Brayan Garzón usou experimento para filtrar características de vídeos com maior potencial de viralização


O YouTube tem muito mais capacidade de alcançar pessoas do que você imagina. No Brasil, por exemplo, são consumidas mais de um 1 bilhão de horas de vídeo diariamente. Pensando nas interações que mais impactam os usuários, Brayan Mauricio Rodríguez Garzón, aluno do MBA em Ciências de Dados do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), inovou para buscar a “receita” das produções mais bem-sucedidas da plataforma no país.

Afinal, o que é necessário para um vídeo chegar à lista de tendências no YouTube? Em seu estudo, orientado pela professora Maristela Oliveira dos Santos com colaboração do professor Oilson Gonzatto Junior, Brayan criou um modelo estatístico que analisa as informações de vídeos que entraram para o seleto grupo de trending da plataforma.

O estudo está disponibilizado integralmente na página pessoal do autor, onde também são compartilhados os códigos Python e bases de dados do trabalho.

O experimento teve por objetivo fazer uma análise descritiva do perfil dos vídeos com maior capacidade de “bombar” no YouTube. Para isso, ele dividiu seu trabalho de conclusão de curso do MBA em duas partes.

Teoria

A primeira etapa do projeto foi voltada para o estudo minucioso de uma parcela de vídeos no Brasil. “Quando sai um vídeo novo no YouTube, há métricas como quantidade de comentários, likes, e o impacto que esse vídeo gera na plataforma é usado pelos algoritmos do YouTube para colocar na lista de tendências, que são disponibilizadas a cada 15 minutos. Então, será que a gente consegue descrever aqueles vídeos que vão virar tendências antes mesmo disso acontecer? Foi essa pergunta que motivou a pesquisa”, explica.

Para delimitar o trabalho, Brayan se baseou em vídeos da plataforma exibidos no Brasil a partir de 2018. Com isso, foi criado um modelo que prediz, para um determinado vídeo que já foi tendência no YouTube, quanto tempo em dias ele vai levar até sair das listas de tendência. Para vídeos novos, Brayan desenvolveu um experimento para coletar tendências prematuras, isto é, a partir das métricas de vídeos com poucas horas no YouTube, registrar a evolução deles e determinar se virariam ou não tendências.

O estudo chegou a algumas conclusões interessantes: postagens feitas às quintas e sextas-feiras, por exemplo, tendem a aparecer mais nas tendências do YouTube. O trabalho também mostrou que 90% dos novos vídeos que conseguiram o status de tendência entraram nas listas em menos de 30 horas.

Prática

A parte final do trabalho, por sua vez, foi propor uma espécie de guia aos usuários. Para isso, Brayan se utilizou de uma técnica de estatística chamada Análise de Sobrevivência, aplicada para indicar as características que tornam os vídeos mais propensos a alcançar audiências gigantescas.

No experimento desenhado para capturar tendências prematuras, dentro dos dados das 29 categorias fornecidas pelo YouTube, foram analisados mais de 30.000 vídeos coletados num período de um mês. Brayan registrou apenas 365 que atravessaram a barreira das listas de tendências. Ou seja, apenas 1,2%. “A segunda parte é um pouco mais complicada. A quantidade de vídeos no YouTube é gigantesca e a proporção dos que são postados diariamente que viram tendência é ínfima. Por isso, o trabalho foi desafiador”, reforçou o Analista Sênior de Estatística da Pefisa, braço financeiro do grupo Pernambucanas.

Produção de conteúdo

No Brasil, baseado numa análise descritiva dos vídeos-tendência, Brayan concluiu que 50% das produções que viraram tendências pertencem às categorias de Entretenimento e Música. E, justamente para aqueles que buscam profissionalizar a produção de conteúdo em vídeo, o pesquisador faz questão de reforçar que sua obra é pensada exatamente para o público. “Queria que fosse um guia de produtores de conteúdo para o YouTube, porque é cada vez maior o número de pessoas que trabalham criando conteúdo para plataformas digitais, mas há muitas que não conseguem ter êxito. Saber quais vídeos vão viralizar, a “receita do bolo”, ou então um entendimento melhor dos ingredientes do bolo, pode ser útil para quem quer investir, por exemplo, em áreas como publicidade e marketing”, salienta.

No vídeo a seguir, Brayan explica mais detalhes sobre o desenvolvimento e os resultados obtidos pelo trabalho.

 

MBA em Ciências de Dados

O MBA em Ciências de Dados oferecido pelo CeMEAI e pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP) conta com a maior equipe de cientistas da computação, estatística e matemática aplicada do Brasil e tem a chancela da USP para oferecer uma educação de qualidade.

A duração do MBA é de um ano. O programa oferece a oportunidade de trazer problemas reais da empresa para serem solucionados com o apoio dos mentores especialistas durante todo o decorrer do curso.

“O MBA em Ciências de Dados oferece um amplo conjunto de habilidades e ferramentas para lidar com problemas complexos provenientes de diversas áreas da sociedade. É possível adquirir conhecimentos avançados em tratamento de dados, estatística e aprendizado de máquina, o que ajuda os estudantes a criarem modelos que auxiliam na compreensão e solução dos problemas de pesquisa tratados em seus trabalhos de conclusão de curso. A pesquisa de Brayan é um exemplo prático da aplicabilidade do MBA em Ciências de Dados, mostrando como as técnicas de análise de dados podem ser usadas para entender problemas e fornecer soluções. Sua pesquisa pode ser valiosa para empresas que desejam investir em publicidade e marketing no YouTube”, resume Maristela.

Sobre o CeMEAI

O Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), com sede no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.

O CeMEAI é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em quatro áreas básicas: Otimização Aplicada e Pesquisa Operacional, Mecânica de Fluidos Computacional, Modelagem de Risco, Inteligência Computacional e Engenharia de Software.

Assessoria de Comunicação do CeMEAI


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