Índice de informalidade por estado
Há mais de 38 milhões de pessoas sem empregos formais no Brasil

Há mais de 38 milhões de pessoas sem empregos formais no Brasil

Os estados do Maranhão, Piauí e Ceará têm a maior taxa de informalidade.


A informalidade no trabalho tem implicações profundas para os indivíduos e para as economias inteiras. Para muitas pessoas, a falta de emprego formal significa que elas não têm acesso a benefícios essenciais, como a previdência social, pensões e proteção contra demissão sem justa causa, deixando-as em uma situação de constante vulnerabilidade. Diante dessa precariedade, muitos são forçados a pedir empréstimos pessoais para cobrir necessidades diárias e emergências.

Por outro lado, a partir de uma perspectiva macroeconômica, ele afeta negativamente o crescimento e o desenvolvimento dos países. A falta de regulamentação e supervisão no setor informal significa menos arrecadação de impostos, o que reduz a capacidade do governo de investir em serviços públicos e programas de desenvolvimento que beneficiem toda a população.

Isso também contribui para a instabilidade econômica, pois os trabalhadores informais têm menos poder de compra e segurança financeira, o que limita o consumo e o investimento.

No Brasil, a informalidade no trabalho atinge 38,9 milhões de pessoas. Embora a taxa oficial de desemprego seja de 7,9%, equivalente a 8,6 milhões de desempregados, a realidade é muito mais preocupante. De acordo com o relatório PNAD Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o primeiro trimestre de 2024, 38,9% da população ocupada no Brasil não possui um emprego formal.

Se os trabalhadores informais fossem incluídos na taxa de desemprego, somando os 38,9 milhões aos 8,6 milhões de desempregados, o número real chegaria a alarmantes 43,7%. Isso significa que quase metade da população ativa, estimada em 108,8 milhões de pessoas, está em empregos precários ou diretamente desempregada.

É importante observar que a informalidade no país abrange uma ampla gama de situações de emprego. De acordo com o IBGE, ela inclui empregados do setor privado sem contrato formal de trabalho, trabalhadores domésticos sem registro formal de emprego, empregadores e trabalhadores autônomos sem registro no CNPJ, bem como trabalhadores familiares auxiliares.

Esse problema não está distribuído uniformemente no Brasil, com disparidades significativas de acordo com a região, o gênero, a cor da pele e os níveis de renda. Por exemplo, as regiões Norte e Nordeste apresentam as maiores taxas de informalidade, com estados como o Maranhão (57,5%), o Piauí (54,9%) e o Ceará (54,0%) na liderança. Em contraste, as taxas mais baixas são observadas em Santa Catarina (27,4%), Distrito Federal (30,7%) e São Paulo (31,0%). Pernambuco também tem um número alto de 50,2%.

Com relação às diferenças regionais, a informalidade no trabalho é marcada por fatores demográficos. As pessoas de raça mista têm a maior taxa (43,5%), seguidas por negras (41,0%) e brancas (33,6%).

A educação também desempenha um papel crucial: trabalhadores sem educação formal têm uma taxa de informalidade alarmante de 70,9%, enquanto aqueles com educação superior têm uma taxa muito menor, de 19,1%.

 

Desemprego e população empregada

O relatório do IBGE também mostrou um aumento no emprego formal durante o primeiro trimestre de 2024, gerando 719 mil novos empregos. O número representa um aumento de 33,9% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram criados 536,9 mil empregos. Esse crescimento, por sua vez, levou a taxa de desemprego para 7,9%, a menor porcentagem para os três primeiros meses do ano desde 2014.

A análise regional revela uma disparidade considerável nas taxas de desemprego em todo o país. Os números mais altos foram registrados na Bahia (14,0%), em Pernambuco (12,4%) e no Amapá (10,9%). Enquanto isso, os menores números foram observados em Rondônia (3,7%), Mato Grosso (3,7%) e Santa Catarina (3,8%).

Em comparação com o trimestre anterior, o desemprego aumentou em oito das 27 unidades da Federação, permaneceu estável em 18 e diminuiu em apenas uma, mostrando uma recuperação desigual.

Na mesma linha, as disparidades demográficas na taxa de desemprego são impressionantes. Para os homens, foi de 6,5% e, para as mulheres, de 9,8%. Em termos de nível educacional, aqueles com ensino médio incompleto enfrentaram uma taxa de 13,9%, consideravelmente mais alta do que os outros níveis educacionais.

Em termos de subutilização da força de trabalho, que inclui os desempregados, os subempregados por insuficiência de horas trabalhadas e os que estão na força de trabalho potencial, ela atingiu 17,9%.

Nessa área, o Piauí liderou essa estatística com 37,1%, seguido pela Bahia (32,1%) e Alagoas (29,4%), enquanto as taxas mais baixas foram encontradas em Santa Catarina (6,9%), Rondônia (8,0%) e Mato Grosso (10,3%).

Em uma nota positiva, o número de pessoas procurando trabalho por dois anos ou mais caiu 14,5% em comparação com o mesmo período do ano passado, de 2,2 milhões para 1,9 milhão. Esse declínio sugere uma melhora nas oportunidades de emprego de longo prazo, embora a porcentagem de pessoas desalentadas continue sendo uma preocupação, especialmente em estados como o Maranhão (12,6%), o Piauí (10,4%) e Alagoas (10,0%), onde as taxas de desalento são significativamente predominantes.

É importante destacar que, em abril deste ano, o Brasil avançou no mercado de trabalho ao criar 240.033 mil empregos formais, de acordo com o último relatório do Ministério do Trabalho e Emprego. Esse número representa um aumento de 32% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram criados 181.000 empregos formais.

Assim, o mercado de trabalho aumenta para um total de 46,48 milhões de pessoas formalmente empregadas nos setores público e privado. Esse número significa um crescimento significativo de 1,7 milhão de empregos em comparação com o estoque de abril de 2023. Além disso, houve 2.260.439 novos registros em comparação com 2.020.406 demissões durante esse período.

Até o momento, o saldo de empregos entre janeiro e abril de 2024 é o maior desde 2012, chegando a 958.425 empregos. Por setor econômico, a área de serviços lidera com o maior saldo de empregos formais no quarto mês do ano, registrando 556.607 filiações, seguida pela indústria (191.358), a construção civil (141.428), o comércio (42.936) e a agricultura (26.097).

Esse progresso é uma indicação positiva do potencial de recuperação e desenvolvimento do mercado de trabalho brasileiro; entretanto, apesar do aumento do emprego formal até abril, a porcentagem de trabalhadores informais permaneceu praticamente inalterada no primeiro trimestre, um problema que exige atenção contínua.

 

FONTES

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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