Metade das pessoas autistas no Brasil não tem recursos e suporte adequados para suas necessidades
ACESA Capuava promove inclusão e valorização no Dia Mundial do Autismo, entidade cria ambiente acolhedor e estimulante para crianças com TEA, valorizando suas habilidades individuais e respeitando seus limites.
Metade das pessoas autistas do Brasil não tem acesso a recursos e suportes adequados para as suas necessidades e 73% dos cuidadores relatam dificuldades financeiras para arcar com os custos do tratamento. Os dados estão na pesquisa “Retratos do Autismo no Brasil em 2023”. No dia 2 de abril, o mundo se une em torno do Dia Mundial do Autismo, para sensibilizar a sociedade e promover a inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este ano, a temática central é “A valorização das capacidades e o respeito aos limites das crianças com autismo”.
O tema deste ano fundamenta a missão e os valores aplicados nos trabalhos da ACESA Capuava, instituição educacional especializada em pessoas com deficiência, localizada em Valinhos, interior de São Paulo. A entidade abraça mais de 150 crianças, sendo a maioria diagnosticadas no Espectro Autista. Não há levantamento disponível sobre essa população no Brasil, mas o CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, estima que uma em cada 44 crianças tenha TEA, o que representaria cerca de 4,6 milhões de brasileiros com o transtorno.
Ainda de acordo com o estudo brasileiro, 79% dos cuidadores entrevistados sentem insegurança quando pensam no futuro a longo prazo das crianças e 68% têm dificuldades para conseguir tempo para descanso e para cuidar de si mesmo. A pesquisa mostra ainda que, segundo a literatura científica, a saúde da pessoa autista é mais vulnerável que a da população em geral, principalmente doenças comuns como gastrointestinais (16%), respiratórias (10%), e obesidade (6%). A pesquisa teve a participação de mais de 2 mil pessoas autistas ou cuidadoras de pacientes.
Acessibilidade e cuidados
“Aconteceram importantes conquistas e avanços no campo do tratamento do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), muitos dos quais têm proporcionado melhorias significativas na qualidade de vida das pessoas com autismo. Embora esses avanços sejam promissores, é importante reconhecer que ainda há muito a ser feito no campo do tratamento do TEA, especialmente no que diz respeito à acessibilidade a serviços, recursos de qualidade, promoção da inclusão e aceitação social”, contextualiza a psicopedagoga Thaís Bianchi Ferreira, da ACESA Capuava.
Na entidade, os avanços se refletem em uma abordagem pedagógica focada na inclusão e no respeito ao desenvolvimento de cada criança. A instituição utiliza metodologias adaptadas às necessidades individuais dos alunos, proporcionando um ambiente acolhedor e estimulante, onde eles podem se desenvolver no próprio ritmo, através das terapias.
“Ao pensar no cotidiano das pessoas com TEA, principalmente a longo prazo, Terapia Ocupacional é fundamental, já que possibilita melhor desempenho funcional e ocupacional, promovendo maior nível de independência e autonomia possível de suas ações nos mais variados papéis sociais, seja na família, na comunidade, na escola ou no trabalho, estimulando continuamente as capacidades motoras, cognitivas e perceptivas possam ser estimuladas”, comenta a Terapeuta Ocupacional Aline Schiavolin Duarte, profissional do time da ACESA.
Além das análises e avaliações motoras, que acompanham o dia a dia das crianças na ACESA Capuava, o fisioterapeuta Evandro Santos de Almeida conta um pouco mais da grade multidisciplinar. “Aplicamos atividades lúdicas em conjunto com atividades psicomotoras, como também a cinesioterapia, que é essencial para adequação dos movimentos, estímulos proprioceptivos para controle de equilíbrio e reação de proteção, e até mesmo fisioterapia aquática. As atividades auxiliam na liberdade de movimentos e proporcionam um ambiente seguro e reforçador, promovendo também a autoconfiança”, comenta.
Atendimento familiar
A ACESA Capuava reconhece a importância da participação ativa das famílias no processo de tratamento como um dos seus principais pilares nas diretrizes dos cuidados com crianças e pessoas especiais. Com programas de apoio psicológico e atendimentos com psicólogos e psicopedagogas, a instituição oferece orientação e acolhimento aos pais e responsáveis, capacitando-os a compreender e apoiar seus filhos autistas em seu desenvolvimento.
Além de abraçar as famílias perante os desafios enfrentados diariamente pelas crianças, os atendimentos os encorajam, fazendo com que as atividades e exercícios praticados nos projetos da entidade, pelos profissionais, sejam levados para dentro de casa, de forma didática. Assim, a extensão dos cuidados contribui diretamente para o processo evolutivo das capacitações da criança TEA, potencializado também por ambientes seguros, como os próprios lares.
Valorização das capacidades e respeito aos limites
"O Dia Mundial do Autismo é uma ocasião para reafirmar nosso compromisso com a inclusão e o respeito às pessoas com TEA", diz Fernanda Teixeira, presidente da entidade. "Na ACESA Capuava, estamos empenhados em proporcionar um ambiente acolhedor e estimulante para todas as crianças, independentemente de suas habilidades conquistadas ou desafios a serem percorridos. Acreditamos que, ao valorizar as capacidades de cada criança e respeitar seus limites, podemos criar um mundo mais inclusivo e compassivo para todos, e em que pessoas deficientes tenham seus direitos assegurados."
Neste Dia Mundial do Autismo, a ACESA Capuava reafirma seu compromisso inabalável em promover a inclusão, a valorização e o respeito às pessoas com TEA. Por meio de um trabalho dedicado e apaixonado, que se atualiza há duas décadas, o objetivo não se dá apenas por transformar vidas, mas também em contribuir para construir uma sociedade mais justa, empática e acolhedora para todos os seus membros.
Por Pietra Mesquita