Amapá Digital | Domingo, 22 de dezembro de 2024.
As compras de veículos aumentaram 536% nos primeiros quatro meses do ano.
O posicionamento dos carros elétricos e híbridos no mundo ganhou destaque considerável na última década, impulsionado pela crescente conscientização ambiental e pelas políticas governamentais voltadas para a redução das emissões de carbono.
A importância desses veículos está em sua capacidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e a poluição do ar, além de mitigar as mudanças climáticas.
Nesse contexto global, o Brasil tem se destacado como um grande importador desses veículos, com um aumento de unidades provenientes da China. De fato, a Associação de Carros de Passageiros da China (CPCA na sigla em inglês) informou que, em abril passado, o Brasil ultrapassou a antiga líder Bélgica e se tornou o principal mercado de exportação de carros chineses de energia nova.
No quarto mês de 2024, as exportações de carros elétricos e híbridos plug-in para o Brasil registraram um notável aumento de 13 vezes em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo 40.163 unidades.
Esse aumento nas vendas ocorre em um momento crucial, pouco antes da implementação de um novo aumento de tarifas sobre as importações desses veículos, que entrará em vigor a partir de julho.
Notavelmente, em janeiro, o país foi o décimo mercado de exportação mais importante para veículos elétricos e híbridos plug-in. Em abril, foi o segundo maior destino da China, atrás apenas da Rússia, que manteve a primeira posição. De acordo com Cui Dongshu, secretário geral da CPCA, espera-se que a Rússia continue a liderar, devido às sanções ocidentais.
Especificamente, o relatório da Câmara de Fabricantes de Automóveis da China também indica que as exportações para a Rússia aumentaram em 23%, com 268.779 veículos entre janeiro e abril, enquanto as exportações para o México e o Brasil tiveram aumentos ainda mais significativos, de 27% e 536%, respectivamente, atingindo 148.705 e 106.448 unidades.
O aumento das exportações para o Brasil reflete o interesse crescente dos fabricantes chineses, que estão expandindo seus investimentos para estabelecer instalações de produção locais.
Um exemplo é a BYD, a concorrente que conseguiu ultrapassar a Tesla em alguns mercados, que atualmente está construindo uma nova fábrica com planos de iniciar a produção no final de 2024 ou início de 2025.
No entanto, outros países europeus, como a Espanha, a França, a Holanda e a Noruega, registraram quedas significativas nas importações de carros elétricos fabricados na China nos primeiros quatro meses do ano.
O motivo foi a investigação antissubsídios da União Europeia, que afetou as exportações da China, levando os fabricantes asiáticos a explorar novos mercados na América do Sul, na Austrália e no Sudeste Asiático.
Nessa linha, o presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, projetou um aumento nas vendas de veículos importados para este mês e o principal motivo não está relacionado aos preços, mas às mudanças na tributação dos carros que chegam do exterior.
Essa estimativa vem no contexto de um aumento do imposto de importação programado para o próximo mês, que terá um aumento de 10% para 18% para carros elétricos, de 12% para 20% para híbridos e de 15% para 20% para híbridos plug-in.
Lima Leite também mencionou que os registros que não foram realizados em maio serão transferidos para junho, já que as licenças caíram 9% no mês passado no caso de produtos importados. Apesar dessa situação, o segmento teve um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, espera-se que os preços aumentem, especialmente durante o período entre julho de 2024 e junho de 2025, quando as tarifas mencionadas acima entrarão em vigor.
Esse aumento de impostos exercerá pressão adicional sobre os consumidores e o setor automotivo, que terão de se ajustar a essas novas condições econômicas e fiscais, com as tarifas aumentando para 35% até junho de 2026.
Em maio, o setor automotivo brasileiro sofreu quedas significativas na produção, nas vendas e nas exportações de veículos. A redução na produção é atribuída ao fechamento de fábricas, ao impacto da catástrofe climática no Rio Grande do Sul e à operação limitada de entidades como o Ibama e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), que são responsáveis pelas aprovações ambientais de veículos e componentes.
Especificamente, a crise no Rio Grande do Sul reduziu drasticamente as vendas de veículos no estado, representando 64% menos, o que influenciou a queda nos registros em nível nacional, afetando, por sua vez, outros setores, como o de seguros de automóveis.
De acordo com a Anfavea, a média de vendas de 9.250 unidades por dia foi a maior para o mês desde 2019, embora isso não tenha compensado as perdas.
O mercado automotivo de maio apresentou um total de 194.256 carros vendidos, incluindo carros de passeio, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus. Apesar de uma queda de 12% em relação a abril, esse número reflete um aumento de 10% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Especificamente, a categoria de carros de passeio e veículos comerciais leves atingiu 183.426 unidades, uma queda de 12% em relação ao mês anterior, mas um aumento de 10,2% em comparação com maio de 2023.
Na divisão por segmento, os registros de caminhões totalizaram 9.547 unidades, uma queda de 11,3% em relação a abril, mas um aumento de 16,1% em relação ao ano passado. Enquanto isso, os ônibus registraram 1.283 unidades, uma queda de 26,1% em relação ao mês anterior e de 33,2% em relação ao mesmo período de 2023.
Quanto à produção de veículos, a queda foi de 24,9% em relação a abril, totalizando 167.330 unidades produzidas e uma diminuição de 26,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Desses, 152.830 carros de passeio e veículos comerciais leves foram produzidos, 26,4% a menos do que em abril e 29,8% a menos do que no mesmo período do ano anterior.
Os carros de passeio atingiram 129.197 unidades, uma queda de 22,8% em relação a abril. Os comerciais leves foram responsáveis por 23.633 unidades, mostrando uma contração de 41,3% em relação a abril e de 44,4% em relação a 2023.
A categoria de caminhões também apresentou um declínio acentuado de 41,3%, com um total de 23.633 unidades produzidas em maio, e uma queda de 44,4% em comparação com o mesmo mês de 2023. Enquanto isso, os ônibus atingiram 2.731 unidades, mostrando uma leve redução de 2,7% em relação a abril, mas uma grande queda de 40,3% em relação ao ano anterior.
Infelizmente, as exportações automotivas brasileiras continuaram em declínio, em linha com a produção e as vendas domésticas, afetadas pela persistente desaceleração dos mercados sul-americanos. De acordo com a Anfavea, a concorrência dos produtos asiáticos nesses países afetou negativamente as exportações brasileiras.
Em maio, 26.760 veículos foram enviados ao exterior, uma queda de 2,1% em relação a abril e 41,4% a menos do que no ano anterior. Os carros de passeio e veículos comerciais leves totalizaram 25.161 unidades, uma queda de 2,1% em relação ao mês anterior.
As importações, por outro lado, registraram um aumento de 38% nos registros de veículos estrangeiros de janeiro a maio, sendo que os modelos elétricos e híbridos chineses responderam por 82% do aumento. Esse fenômeno é uma evidência da crescente aceitação e demanda por tecnologias veiculares mais limpas e eficientes, marcando uma tendência de eletrificação no setor automotivo.
FONTES
ANFAVEA
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