Amapá Digital | Domingo, 22 de dezembro de 2024.
Infectologista do CEJAM destaca que o uso de preservativos, a realização de testes regulares e a utilização de medicamentos como PrEP e PEP podem ser estratégias importantes para a prevenção
Mesmo diante de avanços científicos e de intensas campanhas de conscientização, o diálogo em torno do HIV ainda se depara com obstáculos consideráveis no Brasil. O vírus da imunodeficiência humana, que compromete o organismo, tornando o indivíduo mais propenso a infecções e doenças, enfrenta barreiras em torno do diagnóstico precoce e da prevenção.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico HIV e Aids do Ministério da Saúde, entre 2007 e junho de 2023, o país notificou 489.594 casos de infecção por HIV, sendo 41,5% deles concentrados na região Sudeste.
Um dos principais desafios encontrados atualmente é a evolução silenciosa do vírus, que pode permanecer anos no organismo sem apresentar sintomas e, assim, dificultar o diagnóstico precoce.
"O ideal é que a detecção seja feita de maneira precoce, exatamente quando há essa ausência de sintomas. Começando o tratamento de forma rápida e correta, é possível evitar que o indivíduo tenha complicações de saúde relacionadas à progressão da doença e impedir que ele transmita o vírus para outras pessoas”, afirma o Dr. Paulo Antônio Friggi de Carvalho, infectologista do Hospital Estadual de Franco da Rocha, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
O especialista explica que os primeiros sinais, quando surgem, aparecem entre a segunda e a oitava semana após a entrada do vírus no corpo. Esses sintomas incluem febre, cefaleia, alterações na pele e aumento dos gânglios linfáticos, que, muitas vezes, acabam sendo confundidos com uma virose. Já em estágios mais avançados, perda de peso, febre persistente, sudorese noturna, diarreia e candidíase oral podem se manifestar, levantando um alerta.
“Para evitar a propagação do HIV, é essencial adotar uma série de cuidados, entre eles o hábito de realizar a testagem regularmente. Esse exame deve ser incorporado à rotina de saúde de todas as pessoas sexualmente ativas. Indivíduos com múltiplas parcerias precisam realizar o teste ao menos uma vez ao ano ou sempre que vivenciem situações de risco”, destaca o médico.
Os testes rápidos disponíveis nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) apresentam a vantagem de fornecer resultados em até 30 minutos. Além de analisarem casos de HIV, eles também detectam sífilis e hepatites B e C. Todo o atendimento ao paciente abrange acolhimento, aconselhamento e orientação. E, em caso de diagnóstico positivo, o encaminhamento para tratamento, que inclui medicamentos antirretrovirais.
Hoje, o uso do preservativo continua sendo o método de barreira mais seguro para a prevenção do HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O SUS disponibiliza gratuitamente não apenas os testes e preservativos, mas também outros tratamentos preventivos, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP).
“A PrEP consiste no uso contínuo ou sob demanda de medicamentos, e é indicada para pessoas com manifestações frequentes de risco, funcionando como prevenção combinada a outros métodos. Já a PEP é um tratamento de 28 dias que visa prevenir a infecção pelo HIV após uma exposição de risco, podendo ser iniciada até 72 horas após a exposição”, relata o infectologista.
Essas duas estratégias de prevenção estão disponíveis na maioria dos centros de saúde públicos especializados em HIV do país. Além disso, a PEP é oferecida em serviços de urgência e emergência. A PrEP, por sua vez, pode ser acessada também nos serviços de atenção primária à saúde.
“Ao vivenciar qualquer situação de risco, é importante procurar um serviço de saúde mais próximo para realizar a testagem. Se existir tempo hábil, é possível recorrer à PEP. Nesse período, é fundamental evitar novas relações de risco”, aponta o médico.
É importante lembrar que a transmissão do vírus HIV não é restrita apenas à prática de relações sexuais desprotegidas. O contágio ocorre ainda pelo compartilhamento de objetos perfurocortantes contaminados, como agulhas e alicates, e de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação, caso a mãe não esteja em tratamento.
Sobre o CEJAM O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com o poder público no gerenciamento de serviços e programas de saúde em São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Itu, Santos, São Roque, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu, Itapevi, Peruíbe e São José dos Campos.
A organização faz parte do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (IBROSS), e tem a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde.
O CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.
No ano de 2024, a organização lança a campanha "366 Novos Dias de Cuidado, Amor e Esperança: Transformando Vidas e Construindo um Futuro Sustentável", reforçando seu compromisso com o bem-estar social, a preservação do meio ambiente e os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança).
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