Amapá Digital | Domingo, 22 de dezembro de 2024.
O país é a segunda nação em termos de uso de tela, com 9 horas e 13 minutos por dia na frente de um telefone celular.
Atualmente, os telefones celulares são uma ferramenta essencial para milhões de pessoas em todo o mundo, desempenhando um papel fundamental na vida cotidiana, desde a comunicação até o acesso a serviços on-line e entretenimento. Em um contexto global cada vez mais digitalizado, o uso desses dispositivos tornou-se uma das atividades mais difundidas, fazendo uma diferença significativa na forma como as sociedades interagem, consomem informações e gerenciam suas tarefas diárias.
O Brasil, como um dos maiores países da América Latina, reflete claramente essas tendências. Com uma alta porcentagem de sua população usando telefones celulares, o país está em um estágio de constante expansão digital, refletindo tanto as oportunidades quanto os desafios que surgem com o aumento do acesso às tecnologias da informação.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologias de Informação e Comunicação 2023 (Pnad TIC), um total de 163,8 milhões de pessoas no Brasil, o equivalente a 87,6% da população com 10 anos ou mais de idade, tinha um telefone celular para uso pessoal no ano passado.
Esse aumento tem sido uma tendência constante desde 2016, quando apenas 77,4% da população com 10 anos ou mais possuía um dispositivo móvel. Desde então, o número vem aumentando ano a ano: 81,4% em 2019, 84,4% em 2021, 86,5% em 2022 e chegando a 87,6% em 2023.
No entanto, embora a maioria da população possua um telefone celular, há disparidades regionais no acesso a essa tecnologia. Em 2023, 2,8% dos domicílios brasileiros (aproximadamente 2,2 milhões de casas) não tinham telefone celular, com maior incidência nas regiões Nordeste (5,2%) e Norte (3,8%). Em contrapartida, em outras regiões, como a Sudeste, o percentual é inferior a 2%.
Apesar da alta taxa de penetração desses dispositivos, o telefone fixo convencional ainda é relevante em uma parcela dos domicílios. No ano passado, 9,5% dos domicílios brasileiros tinham telefone fixo, embora esse número tenha sofrido uma queda significativa desde 2016, quando era de 32,6%. Por outro lado, a disponibilidade de telefones celulares nas residências tem aumentado constantemente desde 2016 e permaneceu estável nos últimos dois anos, chegando a 96,7% em 2023.
O uso de telefones celulares também apresenta diferenças significativas entre as áreas urbanas e rurais. Em 2023, 89,6% dos residentes urbanos tinham um telefone celular, em comparação com 73,7% nas áreas rurais. Essa lacuna destaca as desigualdades de acesso em áreas menos urbanizadas do país, onde o custo e a infraestrutura de telecomunicações são fatores que ainda limitam o acesso à tecnologia.
Além disso, dentro do grupo de pessoas que ainda não possuem um telefone celular, 12,4% da população, ou aproximadamente 23,2 milhões de brasileiros, não têm um telefone celular. Entre eles, mais de um terço (35,2%) são pessoas com mais de 60 anos de idade, o que sugere que os idosos enfrentam barreiras tecnológicas, seja por falta de habilidades ou por desinteresse.
Além disso, 22,6% dos não usuários têm entre 10 e 13 anos de idade, o que reflete uma desconexão entre os menores e as novas tecnologias. Os motivos mais citados incluem a falta de conhecimento sobre como usá-lo (27,8%), seu alto custo (23,4%) e a falta de necessidade do dispositivo (21,2%).
Nesse cenário, o acesso à Internet por meio de telefones celulares tem aumentado significativamente nos últimos anos. O Brasil é líder mundial no uso de plataformas digitais, conforme demonstrado pelo relatório do Electronics Hub, que afirma que os brasileiros passam, em média, 9 horas e 13 minutos por dia em frente a uma tela, o que coloca o país em segundo lugar no mundo.
Esse uso generalizado de dispositivos móveis também influenciou setores como o de empréstimos pessoais, em que muitas plataformas digitais estão otimizando o acesso ao financiamento por meio de aplicativos móveis.
A verdade é que o mercado de dispositivos móveis no Brasil continua a evoluir e os consumidores estão procurando dispositivos que ofereçam uma boa relação custo-benefício, alto desempenho e adaptabilidade a várias necessidades. Marcas como Samsung, Apple e Xiaomi continuam sendo as mais populares no país. Em particular, os telefones de gama média e alta, como o Galaxy S24 da Samsung e o iPhone 15 da Apple, dominam as vendas, embora a crescente concorrência de marcas como a Xiaomi esteja impulsionando a demanda por dispositivos mais acessíveis.
Por outro lado, o uso de smartphones está interligado ao crescimento das ferramentas de inteligência artificial (IA). O ChatGPT da OpenAI, por exemplo, conquistou uma grande base de usuários no Brasil.
O uso de telefones celulares nas escolas tem gerado um intenso debate no Brasil, com discussões sobre seu impacto na aprendizagem, na disciplina e na interação social dos alunos. Em um contexto global em que a tecnologia desempenha um papel central na educação, o país está avançando na discussão sobre como integrar ou restringir esses dispositivos no ambiente escolar.
Pesquisas recentes revelam um amplo consenso sobre a necessidade de regulamentar seu uso, embora as opiniões variem sobre o nível adequado de restrição e as implicações práticas da implementação de tais medidas. De acordo com a pesquisa da Nexus, 86% dos brasileiros são a favor de alguma forma de restrição ao uso de telefones celulares nas escolas e 54% apoiam a proibição total.
Entretanto, 32% consideram que os dispositivos só devem ser permitidos para atividades pedagógicas com a supervisão do professor. Enquanto isso, apenas 14% se opõem a qualquer tipo de restrição. Os jovens, curiosamente, são os que mais apóiam essas medidas. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 46% apoiam a proibição total, enquanto 43% defendem o uso parcial controlado, sendo que 89% concordam com alguma forma de restrição.
Entre as faixas etárias mais velhas, as posições variam. Cinquenta e oito por cento das pessoas com idade entre 41 e 59 anos apoiam a proibição total, enquanto entre as pessoas com mais de 60 anos o apoio cai para 32%. Além disso, a renda também influencia as percepções: 67% dos que ganham mais de cinco salários mínimos apoiam a proibição total, em comparação com 54% da população em geral.
O debate chegou ao nível legislativo. A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou recentemente um projeto de lei que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos em escolas públicas e particulares, exceto para atividades pedagógicas específicas. Essa legislação, que inclui até mesmo restrições durante o recreio, estabelece protocolos para o armazenamento dos dispositivos e torna os alunos responsáveis por sua guarda. Em nível nacional, o Ministério da Educação está trabalhando em propostas semelhantes, embora nenhum progresso concreto tenha sido feito até o momento.
Os pais também demonstram preocupação. De acordo com uma pesquisa do Datafolha, 65% deles apoiam a proibição do uso de celulares por crianças e adolescentes nas escolas e 78% acreditam que esses aparelhos causam mais danos do que benefícios ao aprendizado.
Vale ressaltar que uma porcentagem significativa dos pais admite que seus filhos já possuem telefones celulares, o que aumenta a complexidade do problema. Assim, o debate no Brasil continua buscando equilibrar os benefícios da tecnologia com um ambiente educacional propício ao desenvolvimento dos alunos.
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