"Não estamos perdendo a mulher no futuro, estamos perdendo meninas no presente"



Nunca cheguei a pensar detidamente que para as mulheres conseguirem galgar espaços de poder, esse caminho precisa ser trilhado desde a educação básica.

Nunca passou pela minha cabeça que meninas que se dispõem a participar de projetos científicos nas escolas, fossem discriminadas por serem meninas.

A gente ouve que "mulher pode ser o que ela quiser" e conhece inúmeros casos daquelas que chegaram ao topo da carreira como líderes de sucesso. E acha que está tudo bem, que estamos avançando...

Mas esquecemos de que quem vê o sucesso não vê bastidor, não sabe os sapos que essas vencedoras tiveram que engolir para chegar onde chegaram.

Da época em que as mulheres nem podiam falar, em muitos lugares (hoje ainda é assim, em outros, infelizmente), até os dias de hoje, com certeza já avançamos em muitos aspectos.

Mas ainda há uma longa estrada pela frente até chegarmos à equidade de gênero em tantos outros como, por exemplo, a faixa salarial.

Outro dia, o LinkedIn Notícias trouxe a informação de um estudo apontando que as médicas mulheres ganham em média 36% menos que os profissionais homens: https://bit.ly/3XXZ1l3
 

O que explica essa disparidade?

Vou trazer pra esse papo a indagação que a professora Patrícia Teresa, do Instituto Federal do Pará (IFPA) - Campus Belém, fez ao comentar sobre o baixo número de mulheres que receberam o Prêmio Nobel, em 122 anos:

“Será que é porque essas mulheres não têm capacidade de atuar nessas áreas ou porque elas estão invisibilizadas nos seus ambientes de trabalho, nas suas carreiras?”

Vou trazer também o que acha a professora Giovanna Machado, do Centro de Tecnologia Estratégicas do Nordeste (Cetene) e coordenadora do Programa Futuras Cientistas, sobre o baixo número de figuras femininas na ciência: falta de oportunidade para as mulheres.

Para mim essas duas considerações explicam sobre disparidade salarial e também a baixa representatividade feminina nos espaços de poder.

A propósito, foi da professora Giovanna o relato de casos de alunas que sofreram bullying dos colegas na banca de estudos do Futuras Cientistas pelo fato de serem meninas.

É sobre isso que me refiro ao iniciar esse texto de que os desafios para as mulheres galgarem espaços de poder começam na educação básica.

Uma das que perceberam esse movimento discriminatório de gênero nas escolas foi a professora Nara Bigolin, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Foi daí que surgiu o Movimento Meninas Olímpicas do Brasil cuja atuação colocou várias alunas do ensino fundamental no mapa das olimpíadas brasileiras e contribuiu para a evolução das classificações femininas de 2019 a 2022.

“Antigamente, elas se sentiam excluídas e absolutamente invisíveis e, hoje, ser menina olímpica é um orgulho nacional”, celebrou a professora Nara.

Ela trabalha com o pensamento de que para ser mulher na ciência, por exemplo, as estudantes precisam ser treinadas.

E uma das maneiras de aperfeiçoar esse treinamento é nas olimpíadas de conhecimento como Química, Física, Matemática, Astronomia e outras, estimulando o preparo das meninas nesses eventos.

“Para lá na frente ser uma mulher da ciência, da política ou da área empresarial, a gente precisa, lá na educação básica, ser treinada para isso. Nós não estamos perdendo a mulher no futuro, nós estamos perdendo meninas no presente, no fundamental II”, observa a professora.

Trago esse assunto neste 1º de março para abrir as discussões sobre a representatividade feminina nos espaços de poder e do caminho que ainda precisamos trilhar até chegar à equidade de gênero, principalmente, no mundo corporativo.

Como bônus deixo o link do painel virtual “Como podemos contribuir para mais mulheres na ciência?”, promovido pelo CFQ - Conselho Federal de Química e pelo Programa Nacional Olimpíadas de Química (OBQ): https://bit.ly/3IVN6Qj

 

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Maiara Pires

Jornalista, Escritora e Ghostwriter 
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Maiara Pires

Maiara Pires

Jornalista, Escritora e Produtora de Conteúdo Multimídia. Saiba mais: https://linktr.ee/maiarapiresescreve



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