Será possível reconfigurar as funções de gatekeeper no jornalismo?
Necessário e oportuno Comentário da Semana de Sílvia Meirelles Leite, do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), sobre o que no jornalismo se conhece - ou se conhecia - como guardião dos portões ou porteiros (gatekeepers) - profissionais responsáveis por delimitar quais notícias serão publicadas e quais serão manchete.
Sílvia traça um panorama de como “o conceito gatekeeping foi afetado de forma significativa pela atual configuração da internet e das grandes empresas de tecnologia”.
Não é novidade pra ninguém que, com o surgimento das mídias sociais, essa função do gatekeepers foi completamente reconfigurada.
E os ingênuos usuários com seus likes, compartilhamentos, hashtags, publicações de fotos, textos e vídeos acham que são os próprios que viralizam conteúdos na internet, quando na verdade são os algoritmos que decidem o que irá aparecer nas suas - nossas - timelines.
E os jornalistas que lutem, como bem destaca Silvia:
“Enquanto os jornalistas estudam técnicas de SEO para que suas publicações classifiquem nas primeiras posições de busca do Google ou tentam entender os algoritmos das redes sociais para aumentar o engajamento, as big techs determinam quais informações aparecerão com destaque para os usuários e quais ficarão escondidas em um contexto de hiperinformação”.
O perigo está justamente nas intenções por trás dessas decisões do que vemos ou deixamos de ver nas mídias sociais.
Vale a pena conferir no Comentário da Semana, recentes exemplos de importantes temas cobertos pelo jornalismo, mas que logo foram varridos por outros que ganharam amplo destaque das big techs.
O desafio maior nesse contexto, que Sílvia Meirelles chama a atenção, são as discussões em torno do PL das Fake News em que precisamos das big techs para circular a informação jornalística, mas como fazer isso sem ser varrido por outras distrações “algorítmicas”?
Além disso, será possível reconfigurar as funções de gatekeeper no jornalismo?