ORGANIZAÇÃO DE DADOS AMBIENTAIS: SÍNTESE

ORGANIZAÇÃO DE DADOS AMBIENTAIS: SÍNTESE


A síntese do esforço de organização de dados ambientais é um grande desafio para os cientistas. Por essa razão, uma variada gama de representações pode ser encontrada na literatura técnica, científica e tecnológica. Contudo, todas elas têm algo em comum, que é justamente a necessidade de mostrar as externalidades da tecnologia e os estágios compreensivos de cada uma delas. A intenção é sempre a de permitir a visualização panorâmica dos impactos que a tecnologia causa e recebe do ambiente. Quando as externalidades são indesejadas, servem de roteiro para as etapas de testes/retestes e ajustes; quando são os impactos procurados, exercem o papel garantia de agregação de valores que o artefato deve proporcionar. Aqui vamos apresentar duas ferramentas da qualidade que podem ser utilizadas com sucesso a esse esforço de síntese da organização dos dados ambientais. Essa sugestão é devido ao fato dessas ferramentas terem sido testadas milhões de vezes ao longo de sua existência com resultados altamente favoráveis.

A primeira ferramenta é o 5W2H. Essa ferramenta originalmente foi desenhada para o planejamento de atividades operacionais. Trata de coisas muito específicas que precisam ser realizadas em horizonte de tempo reduzido. Seu nome é um tipo de acróstico de sete perguntas-chave, feitas em inglês: what (o que tem que ser feito), when (quando tem que ser feito), who (quem vai fazer), why (por que tem que ser feito), Where (onde tem que ser feito), how (como tem que ser feito) e how much (quanto custa o que vai ser feito). As respostas geradas para cada uma dessas sete perguntas permitem uma visão ao mesmo tempo panorâmica e específica para cada aspecto fundamental das questões centrais de pesquisa: o que acontece, como acontece e por que acontece.

A questão de o que tem que ser feito (What) é desmembrada em objetivo específico a ser alcançado e as respectivas atividades que precisam ser executadas para que esse objetivo possa ser materializado. Por exemplo, reduzir a sonoridade de 120 para 50 decibéis pode ser um objetivo específico de retificação de externalidade, que só pode ser operacionalizado a partir da roteirização das atividades que levam a esse fim, listadas em forma de atividade 1, atividade 2 etc. A questão sobre quando tem que ser feito (When) é a dimensão temporal de início e fim de cada atividade, de maneira que o tempo global de solução de alcance do objetivo específico é a somatória de todos os tempos das atividades listadas. A questão sobre quem vai fazer (Who) é a simples identificação do autor de cada atividade, enquanto o local onde vai ser realizada cada uma delas (When) é a indicação do espaço físico de trabalho.

O porquê (Why) é sempre uma justificativa técnica para que cada atividade seja realidade, de maneira que se possa aferir sua essencialidade. De forma semelhante, o como cada atividade vai ser executada (How) também precisa ser pensada de forma técnica, em conformidade com as descobertas da literatura e com as especificações técnicas definidas. Finalmente, toda atividade tem um custo porque consome recursos que devem ser interpretados financeiramente (How Much), de forma que se possa trabalhar com o menor consumo de recursos possível. A soma dos custos de todas as atividades compõem o custo total das externalidades e/ou da tecnologia.

A segunda ferramenta é o diagrama de Ishikawa, também conhecida como espinha-de-peixe e diagrama de causa-e-efeito. Como o próprio nome indica, essa representação tem a capacidade de apontar, também de forma panorâmica e específica, uma série de relações causais. Por exemplo, a representação de uma determinada externalidade é composta de causas primárias e secundárias. As primárias geram o problema a ser sanado, enquanto as secundárias geram as causa primárias. Pode haver causas terciárias, quaternárias etc. até que se chegue à origem geradora da externalidade. Esse mapa pode ser gerado tanto para um problema específico, de uma de suas partes, quanto para um problema global da tecnologia.

De uma forma geral, qualquer que seja a externalidade ou causa, pode ser enquadrada em uma ou mais dentre seis causas possíveis. Assim, a externalidade pode ser causada pelo operador, que não tem as habilidades, conhecimentos ou instrumentos necessários para executar suas atividades. Também pode ser originada pelo método de trabalho utilizado, que por mais que tenha sido adequadamente planejado não está sendo seguido. As matérias-primas podem ser a causa, assim como as máquinas e equipamentos utilizados, que podem ser falhos ou inadequados. Pode acontecer, também, que tudo esteja ocorrendo bem, apenas a forma de medir os resultados e a qualidade do que é feito é que esteja falhando, dando a impressão de erro. Finalmente, mas não menos importante, a causa pode estar no próprio ambiente de operações, seja por causa do calor, luminosidade ou outros fatores. Essa forma representativa orienta os cientistas na identificação das causas das externalidades, todas as vezes que os resultados almejados estejam aquém ou muito além do desejado. Assim como o 5W2H, o diagrama de Ishikawa pode ser completamente remodelado, substituindo as seis causas por outras ou mesmo reduzindo a sua quantidade.

Talvez os dados ambientais sejam realmente os mais desafiadores para serem sintetizados em uma única figura. Mas esse esforço vale muito a pena. E por dois motivos fundamentais. O primeiro é que ele facilita enormemente a confecção do protótipo e orienta nas fases seguintes de testes/retestes e ajustes/reajustes. Nenhuma tecnologia é gerada sem alguma externalidade indesejada. O segundo é que acelera bastante tanto a redação da confecção dos pedidos de patentes quanto na demonstração de seu funcionamento. Na redação deixa claras as diferenças da patente inovadora para as suas concorrentes; na demonstração ficam claros os benefícios a serem gerados.


Dr. Daniel Nascimento e Silva

Dr. Daniel Nascimento e Silva

PhD, Professor e Pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM)



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