A comunicação passou na janela. Só Lula não viu

A comunicação passou na janela. Só Lula não viu


2025 não se iniciou bem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com as últimas pesquisas de popularidade divulgadas entre o final de janeiro e início de fevereiro este é o pior momento de sua popularidade desde que retornou ao Palácio do Planalto pela 3º vez em 2023.

Diversos fatores levaram a esse cenário e um deles, o grande calcanhar de Aquiles do Governo, foi a comunicação.

O Brasil que Lula assumiu há 2 anos é completamente diferente daquele que ele se deparou em 2003 quando foi eleito pela primeira vez e que governou até 2010, sendo reeleito em 2006. E claro, que esse fato vale também para a questão comunicacional.

Em seus 2 primeiros mandatos, o petista não lidou com redes sociais (havia apenas o inofensivo Orkut e desde 2008, o Twitter. O Facebook chegara ainda fraco em 2009), não havia aplicativo de mensagens instantâneas como o WhatsApp e Fake News ainda era chamado de boato e era espalhada de boca a boca como nos séculos passados.

A grande preocupação de Lula era com a mídia tradicional (TV, Rádio, Revistas e Jornais) e era resolvida com a velha distribuição de verbas publicitárias em forma de anúncios governamentais. A internet, se resumia naqueles tempos, em basicamente sites e portais de notícias e a forma de se lidar com ela era exatamente a mesma da mídia Offline. Dinheiro e propaganda. Era algo canalizado e fácil de resolver.

Claro que existiam veículos de imprensa de oposição e/ou que eram tachados assim pelo Planalto por sua postura independente. Como esquecer as famosas capas da Revista VEJA contra Lula ou as denúncias do Mensalão realizadas pela Folha de São Paulo em 2005?

Passa-se o tempo e chegamos na década de 20 do século XXI. Um mundo conectado com as redes sociais comandando rumos e destino de povos e nações e ditando para as pessoas o que se deve comer, consumir e em quem se deve votar.

Além disso, com o acesso fácil a tecnologia, todo mundo é um produtor de conteúdo em potencial e as pessoas dispõem de seu próprio ecossistema de informação dependendo cada vez menos dos veículos tradicionais.  As pessoas perderam um pouco o senso do que é verdade e o que é mentira diante de tanto volume de notícia.

E Lula 3 nisso? Bem, em seu primeiro biênio tentou lidar com a comunicação como nos mandatos passados e perdeu feio a disputa contra a oposição. Suas redes sociais eram arcaicas e lentas.

Em janeiro deste ano, Lula decidiu tentar trazer sua comunicação para os tempos atuais com a vinda do marqueteiro Sidônio Palmeira. A linguagem foi alterada, o engajamento cresceu, mas ainda é cedo para mostrar se dará resultado.

O fato é que o presidente e seu governo são analógicos por uma questão até geracional. Como fazer um senhor de quase 80 anos entender os algoritmos como um jovem de 28 anos? Caso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) que, com um vídeo só, deixou o governo na lona alcançando mais de 300 milhões de visualizações.

Parafraseando Chico Buarque em sua canção “Carolina”: “A comunicação passou na janela. Só Lula não viu”.

Caio Bruno é especialista em Marketing Político.

Instagram: @o_caiobruno


Caio Bruno

Caio Bruno

Jornalista e especialista em Marketing Político

Contato: caio.cbruno@gmail.com



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