Foto: GEA

Município de Mazagão

Dados gerais, Mapa Político, Bandeira e Brasão, Atração Turística


Municipio pertencente ao Estado do Amapá, historicamente o segundo a ser criado.

Divisão política:
Comunidades e distritos de Ajudante, Mazagão (sede), Mazagão Velho, Carvão,

• Atrações Turísticas: o povo de Mazagão é bastante católico e mantém como tradição cultural a realização da Festa de São Tiago, que ocorre de 16 a 27 de julho, onde são encenadas as batalhas que relembram a luta entre mouros e cristãos. A festa tem esse nome pelo fato de nela haver se destacado um jovem cavaleiro lendário de nome Tiago, que teria ajudado aos cristãos a derrotar os mouros.

• Eventos culturais:
Comemora-se no dia 13 de janeiro o aniversário da cidade. No mês de agosto, há os festejos em homenagem à padroeira da cidade: Nossa Senhora da Assunção. Há ainda o “festival da laranja” no mês de agosto e o “festival do abacaxi” na primeira semana do mês de setembro.
A cidade de Mazagão liga-se à Macapá por via fluvial e rodoviária.

• Bandeira e Brasão

 

As Misteriosas ruínas do rio Maracá

No município de Mazagão, no igarapé do lago do rio Maracá, precisamente em um igarapé denominado Fortaleza, existem ruínas de uma possível fortificação, cujos vestígios constituem-se em mistério. Apresenta-se como um grande valado coberto pelo musgo e outras plantas. É um enigma que continua desafiando os pesquisadores. Em uma coisa os teóricos são unânimes em afirmar: não fora, o forte, obra dos holandeses e ingleses que por aqui passaram, tanto menos dos portugueses, pois pela sua possível localização, nada representaria como estratégia de defesa. Além do mais, estes invasores das terras amapaenses teriam deixado rastros, já que só construíram um forte em função da ocupação e como ponto estratégico de ataque, só o abandonando em seguida, como o fizeram durante o século XVII.

O fato é que estas ruínas do igarapé do lago do rio Maracá continuam sendo uma incógnita para os estudiosos.

Afirma Estácio Vidal Picanço em Informações sobre a historia do Amapá (1500-1900):
“... navios fenícios, no tempo do rei Salomão estiveram na região amazônica e fizeram várias viagens em busca de madeira-de-lei e riquezas minerais para a construção e embelezamento do famoso tempo bíblico. O que nos puderam responder as sete cidades do Piauí; as grutas com inscrições fenícias encontradas na Paraíba, dando prova de que esse povo nômade-marítimo esteve no Brasil. Aqui mesmo na região Amazônica foram encontradas moedas fenícias do tempo do rei Salomão”.

 

A Mazagão Africana
Situada ao Norte da África, na área geográfica em que onde estão localizados os reinos do Marrocos e Maritânia, havia uma querela entre os portugueses, cristãos e árabes muçulmanos.

A história destes dois países do continente africano remonta à histórica Antiga. O Marrocos, na Antigüidade, era parte do império cartaginês. Após a conquista romana, transformou-se na Província da Mauritânia. Mais tarde foi vítima de invasões sucessivas, até sua conquista pela Arábia no ano de 638. Marrocos tornou-se independente em 788.

No século XV, portugueses e espanhóis chegaram aos portos marroquinos e promoveram o comércio entre estes povos e os europeus, o que culminou com a conquista lusitana da área geográfica desses países africanos.

A estrutura social da Mazagão africana, já nos séculos XVII e XVIII refletia um número elevado de moradores da casa real; grande soma de cavaleiros fidalgos e da ordem de Cristo; pequeno número de elementos do terceiro estado; escassa presença dos fronteiriços; poder de compra ínfimo e baixo nível populacional. Por causa da falta de distribuição igualitária de rendimentos, a população vivia na dependência sócio-econômica quase exclusiva do rei.

No século XVI, em 1529, foi instalado em Marrocos um novo poder árabe denominado de Xerife, o qual atacou o reino de Fêz, também de denominação muçulmana, acusado de pactuar com os católicos, trazendo prejuízos à causa islâmica. A luta religiosa já se fazia sentir entre as duas religiões. Nas ruas de Fêz, a frase mais pronunciada pelos seguidores de Maomé era: “guerra aos cristãos”.

O rei D. João III, rei de Portugal, a partir de 1521, procurando enfrentar o espírito guerreiro-religioso dos habitantes do norte da África, decidiu, em 12 de fevereiro de 1549, construir em Alcácer-Quibir um forte para a defesa da cidade, pois as praças lusitanas já corriam risco, entre elas a de Mazagão.

Foi nessa “Guerra Santa” entre cristãos e mouros na região marroquina – Mauritânia, que muitos portugueses perderam suas vidas (dentre eles o jovem Rei D. Sebastião) e outros ficaram feridos (como o soldado e mais tarde, o mais famoso poeta da literatura universal, Luiz Vaz de Camões, que sofreu profundo ferimento no olho direito).

A batalha lusitana continuava ao Norte da África, durante o século XVI. Em 1562, quando os mouros entraram em Mazagão com 150 mil soldados, a praça foi defendida até por mulheres com crianças ao colo, fazendo com que as poucas centenas de portugueses conseguissem rechaçar os terríveis mouros. Ao final da batalha, mais de 25 mil soldados mouros estavam mortos, enquanto que do lado dos portugueses não chegaram a 150 e apenas 270 ficaram feridos. Mesmo assim, com exceção de Tanger, Ceuta e Mazagão, os mouros dominaram quase todo o norte da África.

Foi por causa dessas lutas e dependência econômica que o marquês de Pombal, ministro do rei Dom José I, resolveu desativar a Mazagão africana. Este acontecimento pôs fim à “Guerra Santa” naquela região. Nesse sentido foi criada a Mazagão Amazônica para abrigar 136 das 340 famílias portuguesas residentes na África, acompanhadas de 103 escravos, que se transformaram nos primeiros agricultores da região.


A Mazagão Amazônica

Desativada a cidade de Mazagão na África pela carta régia de 10 de março de 1769, decretada pelo rei D. José I, o Marquês de Pombal toma as providências necessárias para transferir as 340 famílias portuguesas sediadas no último reduto lusitano.

Em janeiro de 1770, desembarcaram na capital paraense três navios: São Francisco, São Joaquim e Santana trazendo um total de 1022 pessoas, que fugiam do castelo da Mazagão Africana em conseqüência da “Guerra Santa” travada entre católicos e muçulmanos ao Norte da África.

Quando deixaram a região marroquina – Mauritânia, os mazaganistas – assim chamados na desativada Mazagão – retiraram seus objetos de valor e atearam fogo nas minas, destruindo-as completamente. Mas assim mesmo, por ordem do rei, os mouros ocuparam-nas. Foi sem dúvida, nessa região setentrional africana, que se teve a exata dimensão do espírito ambicioso dos portugueses, iniciado nos embates contra os seguidores do islamismo e sacramentado nas célebres batalhas entre cristãos e mouros.

Belém recebe com entusiasmo os bravos mazaganenses africanos, os hospeda até junho de 1771. Nesse ínterim, o governador do Grão-Pará e Maranhão, Ataíde Teive, já estava providenciando a construção da nova Mazagão em plena região amazônica, ou seja, do atual Município de Mazagão. Esta ordem foi dada no mês de janeiro de 1770. A construção teve início em 23 de janeiro de 1770, pelo oficial português, capitão Inácio de Castro Sarmento, que traçou a planta da futura Vila e foi encarregado de administrar as obras. A Vila estava sendo levantada à margem esquerda do rio Mutuacá. As casas que abrigariam as famílias lusitanas foram construídas de taipa e cobertas com palha.

Das 340 famílias mazaganistas, 136 foram transferidas para a Mazagão amazônica em 1771. Outras ficaram nas regiões de Belém, na vila vistosa de Madre de Deus e algumas em Macapá, compostas na sua maioria por oficiais.

Em 14 de maio de 1833, Mazagão Velho perde sua categoria de vila e até mesmo seu nome de origem, passando a denominar-se Regeneração, ficando sua jurisdição administrativa subordinada ao município de Macapá. Esta situação vigorou por 8 anos. Somente em 30 de abril de 1841, através da lei provincial do Pará nº 88, Mazagão Velho é restaurada, tanto com relação à autonomia administrativa, quanto em sua denominação. Pela lei provincial nº 87 da mesma data, Mazagão volta a funcionar como Comarca, sendo-lhe, portanto, restituído o poder. Em 16 de fevereiro de 1842, em sessão solene, tomam posse os membros da Primeira Comarca.

 

Fundação da atual Mazagão Novo

A antiga cidade da Mazagão Amazônica, apesar do grande prestígio que gozou no início de sua povoação, não logrou o mesmo êxito, principalmente a partir dos últimos anos do século passado, tendo até mesmo sido rebaixada à antiga categoria de povoado.

O governo do Estado do Pará, após analisar relatórios que constantemente lhe eram enviados descrevendo a situação política, econômica e social de Mazagão Velho, resolveu, por volta de 1915, autorizar que fosse esse burgo incorporado ao de Macapá. Os mazaganistas acharam a medida arbitrária, pois traria inúmeros prejuízos a sua cultura. Por outro lado, queriam continuar politicamente autônomos. As autoridades decidiram então, que se deveria escolher um novo local para a instalação da sede do Município. A escolha recaiu sobre uma área que fica ao Norte da antiga Mazagão Velho, mais próxima da cidade de Macapá, entre o rio Vila Nova e o braço esquerdo do Amazonas.

Ergueram-se as primeiras casas na nova localidade e para lá se transferiram algumas famílias, indignadas com o fato da vila haver perdido status de cidade. O que se deu através da lei estadual do Pará – nº 46.

Foi criada, então, a nova cidade de Mazagão, cuja instalação se deu no dia 15 de novembro de 1915. Para evitar equívocos em relação à primeira, a cidade recebeu o nome de Mazagão Novo ou Mazaganópolis, onde funciona atualmente a sede desse Município do Estado do Amapá.

 

Aspectos Gerais

• Localização: Mazagão fica à margem direita do rio Vila Nova, ao sul do Estado do Amapá.
• Área: a área do município é de 13.189,60 Km² (IBGE 1999).

• Limites: o município faz limites com os municípios de Santana, Porto Grande, Pedra Branca do Amapari, Laranjal do Jari e Vitória do Jari.

• Divisão Política: obedece à seguinte divisão: Mazagão Velho e Carvão.

 

População:
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• Divisões Fisiográficas: O relevo do município é constituído por: Serra do Iratapuru, Planície de Terra e área de Igapó. A vegetação caracteriza-se por matas densas, arbustos e campos alagados.

• Precipitação: o período chuvoso vai de janeiro a julho. A temperatura máxima é de 38ºC e a mínima de 22ºC.

• Hidrografia: os principais rios são: rio Camaipi (da Vila Nova), Camaipi do Maracá, Rio Preto, Maracapucu, Cajari, Vila Nova do Anauerapucu, Iratacupu, além de igarapés como: Tambaqui, Pedreiro e Ajudante.

• Economia: sua economia no setor primário está representada pela criação de gado bovino, bubalino, suíno, caprino e eqüino; avicultura e pesca. São relevantes também as culturas de: feijão, milho, batata-doce, banana, arroz, café, cana-de-açúcar, cacau, côco-da-baía, laranja, fumo, abacaxi, mandioca e pimenta do reino. No setor extrativista são importantes a cultura de castanha-do-Brasil, a extração de madeira para a fabricação do carvão e de móveis e, ainda, a extração do látex da seringueira, comercializada fora do Estado. A pesca do pirarucu e do tucunaré são bastante praticadas. Quanto ao setor secundário, a extração e fabricação de palmitos de açaí, algumas serrarias e as fábricas de tijolos também merecem registro. Mas o município de Mazagão possui outras riquezas: ferro, ouro, cromita, cassiterita, diamante e columbita. A borracha-do-Brasil, as sementes oleaginosas, a madeira de lei e os animais silvestres, fazem o diferencial do lugar. Mazagão possui ainda uma usina de beneficiamento de arroz. No setor terciário, pequenos comércios (mercearias), alguns bares e o salário do funcionalismo público, complementam a economia.

• Saneamento: a maioria dos habitantes não é beneficiada pelo sistema de abastecimento de água tratada. A coleta de lixo domiciliar é bastante precária, o que tem contribuído para a disseminação de doenças no local. A população dispõe, contudo, de serviços de energia elétrica durante 24 horas.
 

Histórico:
Américo Vespúcio, no ano de 1499, participando da expedição de Alonso de Hojeda, sob as ordens dos reis católicos da Espanha, Fernando e Isabel (Castela e Aragão), percorreu o litoral amapaense, conforme documenta a carta escrita por esse navegador. Neste documento histórico, ele narra sua passagem, quando atravessou com sua expedição, a linha do equador, passando pelas ilhas da Caviana, dos Porcos e do Pará, em frente ao Município de Mazagão.

Em 1623, os ingleses estiveram presentes no rio Cajary, município de Mazagão, com o intuito de se apossarem da região e nela se estabelecerem. Operando, desta forma, resistência ao nativo e ao elemento lusitano.

De acordo com registros realizados em Londres, os anglo-saxões deram os primeiros passos à conquista e colonização da rica área do Cajary. Localidade próspera em riquezas minerais (petróleo, xisto betuminoso etc), até hoje não exploradas, apesar de haverem sido realizadas pesquisas naquele local, pelo alemão Fritz Ackerman, que lá esteve a serviço do Território do Amapá, durante os últimos anos da década 40 e os primeiros anos da década de 50.

Os ingleses retiraram-se do vale do Cajary por volta de 1625, expulsos que foram pela expedição de Pedro eixeira, em obediência ao governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará, Bento Maciel Parente.

Devido conflitos religiosos entre portugueses, cristãos e árabes muçulmanos, em 10 de março de 1769 D. José I, rei de Portugal desativou a cidade de Mazagão em território marroquino e o destino de muitas famílias foi a Tucujulândia, precisamente, a atual Mazagão.

Em 7 de junho de 1770, começaram a ser transferidas 136 famílias para a nova Mazagão, hoje Mazagão Velho, denominação que passou a vigorar para a localidade desde o dia 23 de janeiro de 1770, quando foi elevada à categoria de Vila.

Lobo D’Almada assumiu função militar e de presidente da Câmara Municipal, impulsionando o progresso da nova Mazagão. No entanto, foi na administração do sargento-mor, Izidoro José da Fonseca Cabral de Mesquita, que a vila, de fato, prosperou. Ele assumiu o comando da Vila em 25 de abril de 1775. Em 1778, cultivava-se na região, algodão e arroz, chegando a produção de cereal ser tão elevada que abastecia o comércio da cidade de Belém do Pará.

A prosperidade da nova Mazagão, teve, entretanto, vida curta. Em 1781, uma epidemia de cólera grassou na região, matando dezenas de mazaganenses, o que prejudicou enormemente a economia do município.

Em 1833, Mazagão desce à categoria de Vila, isto é, retornando à condição de povoado, passando por um período dito de “Regeneração”. Sua jurisdição administrativa ficou, portanto, subordinada ao município de Macapá.

Em 7 de janeiro de 1835, eclodiu a Cabanagem e a notícia chegou à Macapá e, desta para Mazagão Velho.
Os mazaganenses não aderiram aos cabanos, pois a Cabanagem era um movimento reformista, integrado basicamente por mestiços. Os mazaganenses eram descendentes de antigos colonos portugueses não miscigenados e de um grupo dominante na região. O temor pela perda dos privilégios os lavaria a formar, com o apoio dos moradores das vilas do Gurupá, Monte Alegre, Santarém e Cametá, uma frente de reação aos cabanos.

Em Mazagão Velho – que naquele momento havia regredido em sua condição – a reação à Cabanagem foi comandada pelo capitão João Ferreira Nóbrega e pelo juiz de Direito Manoel Gomes da Penha, que organizaram uma força de 400 homens para o embate.

A luta entre cabanos e tropas imperiais no baixo Amazonas fez com que os cabanos se refugiassem no Município de Macapá, nas ilhas de Santana, Vieirinha, além da comunidade do Furo do Beija-Flor.

Em 20 de dezembro de 1835 os cabanos foram atacados por tropas macapaenses e mazaganenses e assim, expulsos da região.

Em 30 de abril de 1841, através da lei provincial do Pará nº 86, a localidade volta a denominar-se Mazagão Velho.

Em 19 de abril de 1888, Mazagão Velho é elevado à categoria de cidade, por determinação da lei provincial nº 1334.

Mazagão é considerado, praticamente, o porto de entrada da raça negra no Amapá. Para lá foram negros originários do Norte da África, na região de Marrocos (Mauritânia), colonizados pelos portugueses que os trouxeram visando os domínios lusitanos a partir da construção de um forte na África.

Os primeiros habitantes de Mazagão foram: 136 famílias brancas e 103 escravos, que se transformaram nos primeiros agricultores daquela região. Os habitantes de Mazagão ainda procuram preservar, tanto na igreja quanto consigo (em suas próprias casas), o que restou da cultura que legaram dos negros oriundos do Norte da África nos séculos XVII e XVIII. Guardam imagens de madeira e de marfim com adornos de ouro e prata; diversos outros objetos como castiçais, cálices, crucifixos, coroas de prata etc. Por mais que tentem preservar, muitas imagens encontram-se em estado de deterioração. As poucas restauradas, foram reparadas sem a técnica e os materiais apropriados.

Por outro lado, grande parte do acervo foi perdida, porque alguns moradores que não pertenciam à comunidade e muitas vezes desinformados, trocaram imagens autênticas da Igreja por outras fabricadas em gesso. Somente em 1981 o governo do Amapá tomou providências através de decretos proibindo a venda de imagens, bem como, a retirada destas do Distrito.

Em 7 de março de 2001 é criado em Macapá o grupo Zoneamento Ecológico-Economico do Amapá, com um investimento de R$ 300 mil reais, através de parcerias do Governo do Amapá e do Ministério do Meio Ambiente. O Zoneamento tem a coordenação do professor Benedito Rabelo. O estudo abrange inicialmente os municipios de Vitória do Jari, Mazagão e Laranjal do Jari.

 

Texto do historiador Edgar Rodrigues




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