Famílias extrativistas do alto Araguari recebem kit de energia solar

A instalação de kits de energia solar foi uma parceria do Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena e o Projeto Pisco de Luz


Apoiado pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígena - Iepé, a ONG Pisco de Luz instalou placas de energia solar nas casas ribeirinhas de 23 famílias da Associação de Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari, que não possuem fornecimento de luz. As casas ficam localizadas no alto do Rio Araguari, entre a Floresta Nacional do Amapá e Floresta Estadual do Amapá.  

“Esse foi mais um passo para a nossa comunidade. É a primeira vez no Araguari que estamos saindo da lamparina para uma energia limpa. É uma vitória!”, declara Arlete Leal, presidente da Associação de Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari.

A iniciativa, conta com o apoio da Fundação Rainforest da Noruega e leva energia elétrica através de uma fonte renovável.

As famílias beneficiadas pela iniciativa são de baixa renda. Uma solução para ter eletricidade é o gerador movido a combustível, porém, com o alto custo da gasolina e da máquina, tem sido impossível mantê-lo. “A gente não pode mais usar gerador como antigamente, a gasolina está muito cara”, relatou Sueli Pantoja.

Antes da instalação dessas placas solares, as famílias beneficias pelo projeto Pisco de Luz utilizavam lamparinas a querosene para iluminação noturna. Esse combustível é prejudicial à saúde e pode trazer o risco de incêndios, principalmente em casas de madeira, que são a maioria na região.

Para Alex Cirqueira, voluntário da Pisco de Luz, o projeto vai ajudar as pessoas que moram às margens do rio: “Diferente da lamparina, que por conta da poluição da fumaça faz mal à saúde, as placas solares produzem uma energia limpa e renovável”.

O estado do Amapá tem grande histórico de falta de eletricidade. Em municípios onde há o abastecimento, é comum a falta de energia e há comunidades isoladas onde não há sequer fornecimento. Mesmo com três hidrelétricas a poucos quilômetros das casas das ribeirinhas, a energia não chega nas margens do rio Araguari. As placas solares trazem maior estabilidade elétrica e segurança para essas famílias.

Meriaci Soares, a Maroca, foi a primeira da associação a receber o kit solar. Ela destaca a grande mudança na vida dela e de sua família. “A gente vivia no escuro, era difícil fazer as coisas, a gente tinha medo. Mas, hoje eu estou feliz demais, nos acostumamos com a luz”, afirma a extrativista.

O kit de energia solar é composto por uma pequena placa fotovoltaica de 10W conectada a um circuito inteligente capaz de controlar até sete ambientes, uma bateria de lítio de 8W, cinco luminárias de LED e interruptores distribuídos pelos cômodos das casas. Com pelo menos de duas horas de sol, a bateria é carregada totalmente e fornece iluminação por até cinco noites.

Sementes do Araguari - A Associação das Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari é formada por famílias da região, no município de Porto Grande, e produz cosméticos, como sabonetes e unguentos, a partir dos produtos da floresta e conhecimentos tradicionais. Anos atrás, algumas das famílias trabalhavam para o garimpo, mas hoje, estão ligadas a uma economia que tem como foco manter a floresta em pé.

 

Texto: Maria Silveira / Fotos: Maria Silveira / Vídeo: Decio Yokota


Veja fotos





O que achou desta notícia?


Cursos Básicos para Concursos