Série "Debates para o Brasil do futuro" aborda o tema “Crescimento Econômico e as fronteiras do Brasil”
O quinto entrevistado da série “Debates para o Brasil do futuro” é o Economista, Professor e Pesquisador Marcio Pochmann. Ao fazer uma análise sobre o país, ele argumenta: “O Brasil tem segmentos que precisam ser construídos e me parece que o problema não é financeiro, é político. Os recursos não têm sido utilizados para dar vazão à ciência e tecnologia. Temos dificuldade de encontrar convergência para que o país seja colocado no rumo certo”.
Pochmann também destacou 3 tipos de fronteiras com potencial de desenvolvimento:
Fronteira marítima: “Temos um enorme contato com o Oceano Atlântico. Alguns estudiosos até chamam de Amazônia Azul. Ele é pouco atuado em termos de políticas e oportunidades”.
Fronteira do Espaço Sideral: “O Espaço brasileiro está sendo ocupado por uma quantidade muito grande de satélites que transmitem informações e imagens que permitem a internet operar e que não são tributados, não contribuem para a economia nacional. Uma das fronteiras de expansão dos países, inclusive olhando para EUA e China, é a exploração do espaço Sideral, que é uma possibilidade enorme de riqueza e ocupação”.
Faixa de Fronteira Oeste: “É a fronteira mais conhecida, o nosso contato com os países vizinhos. Apesar de nós termos tido no final do século XIX e início do século XX um esforço muito grande da diplomacia brasileira para estabelecer nossas fronteiras, de certa maneira foi realizado pouco nesses espaços preocupando-se com o tema do desenvolvimento, com as condições adequadas de vida, dos serviços, da atuação do Estado nessas áreas de relacionamento tão importantes do Brasil com outros países. O fato de olharmos mais para o Oceano Atlântico ao longo do tempo, como a saída do Brasil para as exportações e para a migração, fez nos preocupamos pouco com os nossos vizinhos fronteiriços. Me parece que agora, com o centro dinâmico se deslocando para o Oriente, em que o Pacífico torna-se central para as atividades econômicas, o Brasil deverá olhar mais para esses países no âmbito das fronteiras territoriais. Até porque nós continuamos sendo um país quase saturado no que diz respeito à distribuição da população e às atividades econômicas nas áreas litorâneas”.
No final da entrevista, Marcio também apontou encaminhamentos para as cidades de fronteira: “O tema da fronteira não se apresenta, a não ser como um problema localizado e, na realidade, é uma questão nacional. Seria importante por parte da sociedade civil abrir esses debates com os nossos futuros representantes. Quais candidatos a parlamentares se dedicam ao tema da fronteira? Poderia haver uma articulação dos prefeitos dessas cidades. Como uma oportunidade, é necessário que o tema seja mais politizado“.