Descubra como consumir conteúdos com velocidade aumentada pode impactar diretamente na saúde mental

Descubra como consumir conteúdos com velocidade aumentada pode impactar diretamente na saúde mental

Psicólogo do CEJAM explica os efeitos negativos da ação que se tornou comum na hora de assistir vídeos ou ouvir áudios na internet


Com o avanço da tecnologia e o ritmo acelerado da vida moderna, é comum se deparar com o excesso de informações e uma constante sensação de pressa. Nesse contexto, surgem diversas tendências para simplificar os afazeres do dia a dia, sendo o uso da aceleração em vídeos e áudios uma delas. 

A prática é comum entre aqueles que desejam consumir conteúdo de forma mais rápida, seja para assistir aulas, palestras, podcasts, vídeos de entretenimento ou mesmo para ouvir áudios em conversas virtuais. A ideia por trás dessa técnica é simples: aumentar a velocidade de reprodução para que a mensagem seja transmitida mais rapidamente. 

À primeira vista, consumir conteúdos dessa forma pode trazer benefícios, como economia de tempo e, até mesmo, o aprimoramento das habilidades cognitivas devido à maior exigência de concentração e atenção. No entanto, manter o hábito de apertar o botão 1,5x ou 2x de maneira desenfreada pode ter consequências diretas e bastante negativas à saúde. 

“De maneira geral, a prática pode aumentar os níveis de ansiedade e estresse, principalmente em pessoas com inflexibilidade, padrões de autocobrança excessivas e esquemas de comportamentos desadaptativos”, afirma Emerson Marques, psicólogo da UBS Jardim Valquíria, gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. 

Com isso, o uso da velocidade aumentada pode contribuir, ainda, para um estado de agitação constante e tensão emocional. Adicionalmente, a rápida sucessão de informações pode sobrecarregar o cérebro, dificultando a absorção e o processamento adequado do conteúdo consumido. 

Para quem faz uso do recurso na hora de estudar, os impactos também são nítidos. A habilidade de absorver e reter informações de maneira eficaz acaba sendo comprometida, principalmente quando se trata de conteúdos complexos ou de pouca familiaridade. 

“Quando usado com frequência, há a redução do prazer, como, por exemplo, aquela satisfação que temos após finalizar uma atividade. Nesses momentos de estudos, é comum o sentimento de bom aproveitamento do tempo e do conteúdo, e, em muitos casos, essa sensação acaba não existindo, já que o indivíduo passa a ter uma compreensão superficial, sem as reflexões e aprofundamentos necessários”, explica o profissional. 

A exposição prolongada pode contribuir no futuro para a diminuição da capacidade de atenção e foco e no desenvolvimento de hábitos impacientes, tornando difícil o envolvimento em atividades que exigem atenção prolongada. 

 

Impactos reais  Em 2017, o Brasil já liderava globalmente em casos de transtornos de ansiedade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2023, os brasileiros foram os que mais buscaram informações na internet sobre o tema, segundo o Google Trends, acedendo, acendendo um alerta.  

Com isso, é fundamental repensar os hábitos digitais e buscar um equilíbrio saudável entre tecnologia e saúde mental. Tratando especificamente da ferramenta de aceleração, o ideal é alternar o uso com períodos de consumo normal, permitindo, assim, que o cérebro processe as informações de forma adequada e evitando sobrecargas cognitivas.  

“Não é preciso abolir o uso da aceleração de velocidade, mas usá-la de maneira consciente e quando necessário, não tornando a ferramenta parte obrigatória da rotina digital”, reforça Emerson. 

O psicólogo também orienta a incorporar intervalos após o consumo de conteúdos digitais, para reflexões e descanso. “Não só isso, atentar-se aos próprios limites e sinais de estresse ou ansiedade também são importantes para se buscar outras estratégias de autocuidado e preservar o bem-estar emocional.” 

Ao adotar uma abordagem mais consciente em relação ao uso das ferramentas disponíveis, é possível construir uma cultura de saúde mental digital, onde o uso da tecnologia seja aliado ao bem-estar, e não uma fonte de problemas.   

Com pequenas mudanças, é possível garantir uma relação cada vez mais equilibrada e saudável tanto no ambiente online como no offline. E, o mais importante, desacelerar um pouco. 
 

Sobre o CEJAM     
 
O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu, Peruíbe e Itapevi.      
 
Com a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde, o CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição. 

No ano de 2024, a organização lança a campanha "366 Novos Dias de Cuidado, Amor e Esperança: Transformando Vidas e Construindo um Futuro Sustentável", reforçando seu compromisso com o bem-estar social, a preservação do meio ambiente e os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança). 
 
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